Autor: J.R.R. Tolkien
Título Original: The Adventures of Tom Bombadil (1962); Smith of Wooton Major (1967); Farmer Giles of Ham (1949); Leaf by Niggle (1945)
Editora: Europa-América
Páginas: 168
ISBN: 9789721043596
Tradutor: Ersílio Cardoso e Fernanda Pinto Rodrigues
Origem: Comprado
Opinião: Este era o único livro de Tolkien com algumas ligações com a Terra Média que me faltava ler. Acho que adiei a leitura porque sabia que uma boa parte do livro era escrito em verso e essa não é, de todo, a minha praia.
Mais de um terço do livro contém, precisamente, poesia. Essa secção corresponde a As Aventuras de Tom Bombadil, um conjunto de 16 poemas sobre os mais diversos temas, em que os dois primeiros são dedicados a esta peculiar personagem do universo Tolkien, que volta a fazer uma aparição no poema O Gigante de Pedra. Li esta parte do livro com alguma curiosidade, mas sinceramente não me cativou. Não sei se foi por ler os poemas traduzidos e ter sentido que alguma da musicalidade se perdeu, no meio de algumas rimas forçadas, ou se, como disse acima, a poesia não é mesmo para mim. Como nota, de referir que algumas designações neste secção do livro são diferentes das que nos foram apresentadas na tradução da trilogia (“Baga d’Ouro” em vez de “Goldberry” e “Terceira Idade” em vez de “Terceira Era”).
Segue-se a novela Smith de Wooon Major (na capa do livro, o título que aparece é O Ferreiro de Wooton Major), que apesar de não ter ligação com a Terra Média, apresenta vários elementos fantásticos. Fala de uma pequena aldeia com as suas tradições, nas quais se inclui o Mestre Cozinheiro da localidade fazer um bolo especial de 24 em 24 anos. Numa dessas ocasiões, um elemento mágico é adicionado ao bolo e vai parar ao filho do ferreiro, que, com isso, ganha capacidade de viajar ao Mundo das Fadas. É uma história engraçada, que começa num tom bastante “conto de fadas” para no final se tornar numa narrativa mais séria, invocando os temas da importância da imaginação e da busca de um sentido para a vida através das dificuldades.
A história seguinte é Lavrador Giles de Ham, que conta como um homem bonacheirão se torna um herói improvável. Tolkien escolheu como pano de fundo desta novela uma Grã-Bretanha da Idade das Trevas e deu-lhe um toque fantástico e humorístico. Giles de Ham é um lavrador pacífico numa localidade inglesa que, por ter espantado um gigante por pura sorte, se vê elevado à categoria de herói, recebendo do Rei uma espada que se desconhecia ser mágica. Quando o dragão Chrysophylax aparece nas redondezas, Giles utiliza essa espada para o domar e, mais tarde, utiliza-a para obter a “amizade” do dragão e desafiar o Rei. Com alguns animais falantes, esta é uma história que se lê bem, bem escrita e com um desenlace adequado.
O livro termina com Folha, de Niggle, naquela que é a história mais séria do livro e também, curiosamente a que mais gostei de ler. Fala de um pintor, Niggle, que se encontra algo pesaroso por não ter o tempo que desejaria para terminar a grande obra da sua vida. Uma viagem que se aproxima e a constante interrupção de vizinhos e conhecidos vão tomando o seu tempo enquanto Niggle não consegue parar de pensar na sua obra, que aparenta ter vida própria. Pareceu-me claramente uma alegoria com o trabalho de uma vida que foi a criação da Terra Média para Tolkien, mas é também um conto com várias interpretações religiosas, escrito de uma forma cativante. Uma história relativamente pequena, mas com muito significado.
O balanço final é positivo. Com exceção da poesia, gostei das histórias que li e entrevi não raras vezes nestas palavras o meu escritor preferido. É um livro que deverá agradar aos fãs do autor ou servir eficazmente como introdução às suas histórias.
Classificação: 3/5 – Gostei