Quando fiz o meu balanço de leituras de 2013, delineei uma lista de objetivos de leitura para 2014. Um deles, que até coloquei em primeiro lugar, é “Diminuir a pilha de livros por ler“. Como o primeiro trimestre do ano já lá vai e a coisa está a correr muito bem, decidi escrever este post explicando como o tenho feito e alguns dos truques que tenho utilizado. Nada que seja muito revolucionário ou propriamente novidade, mas fica aqui de referência para o caso de isto voltar a descambar no futuro 😀
A diminuição da pilha de livros por ler resulta, como é óbvio, de duas coisas: adquirir menos livros e ler o que tenho em casa. Abaixo explico como tenho feito as duas coisas.
Adquirir menos livros
Quando comecei a trabalhar e a ter fundos disponíveis para comprar livros, há coisa de 8-9 anos, começou o “descalabro”. Isto coincidiu com uma utilização mais intensiva da internet, o que, como se sabe, é um veículo com muito potencial para a descoberta de novos livros e autores. Assim, comecei a comprar qualquer livro que me interessasse minimamente ou que estivesse a bom preço. Lembram-se das coleções da revista Sábado e das que saíam no verão com os jornais? Pois, comprei quase tudo. Depois, veio a fase de parcerias com editoras, e como os livros que me enviavam tinham prioridade, acabei por deixar para trás os que tinha comprado e continuavam por ler. Junte-se as mais variadas Feiras do Livro e promoções no site da FNAC e talvez seja fácil perceber como é que cheguei à bela soma de 400 livros físicos por ler no início de 2014.
Felizmente, vou continuando a ter algum plafond disponível para comprar livros – o que pode ser um grande entrave para quem quer dominar o vício – mas a verdade é que, em três meses, gastei exatamente 5€ em livros. A principal motivação tem sido, sem dúvida, pensar que tenho centenas de livros em casa por ler, que em determinada altura me pareceram interessantes (daí os ter comprado) e que, muito provavelmente, ainda vou encontrar verdadeiras pérolas nas minhas estantes. É preciso uma grande disciplina para resistir a todas as tentações que vão surgindo, mas muitas vezes já me senti frustrada por ter ido a correr comprar determinado livro e mais tarde aparecer em pack promocional ou com um preço muito atrativo algum tempo mais tarde. Mais, quando percebi que a compra de livros me servia, muitas vezes, como uma forma de conforto e recompensa por outros problemas, constituindo uma forma de prazer momentâneo, percebi também que todos os livros que tenho e que aguardam a sua vez têm igualmente potencial para me fazer feliz.
Portanto, ao contrário do que poderia pensar até há bem pouco tempo, não está a ser nada difícil deixar de comprar livros. É, acima de tudo, uma questão de foco num objetivo e de força de vontade. E já defini o orçamento para a próxima Feira do Livro de Lisboa: 20€. A ver vamos se vou cumprir.
Ler os livros que tenho na pilha
Dos 33 livros que já li este ano, apenas 6 não faziam parte da minha pilha de livros físicos por ler (e-books ou audiobooks). Estou a conseguir ler ao nível do meu melhor ritmo de sempre e eis algumas coisas que tenho feito não só para diminuir a pilha, mas também para ler a bom ritmo:
- Ler 100 páginas por dia. Isto equivale, em termos médios, a 2 horas de leitura por dia. Faço isto aproveitando todos os momentos do dia em que posso ler. Seja à hora de almoço, em algum momento morto do dia, à noite depois de despachar o miúdo, ao fim-de-semana quando tenho todas as tarefas despachadas. Nem sempre é possível, mas o objetivo é esse e tem sido cumprido.
- Ler livros mais curtos. A verdade é que todos os livros, curtos ou longos, contribuem para o número total de livros que tenho por ler. Por isso, porque não pegar nos mais curtinhos para diminuir mais depressa a pilha a ajudar na motivação para o cumprimento deste objetivo?
- Desafios de leitura. Pessoalmente, estes desafios funcionam bem para pegar em livros que talvez não fossem a minha primeira escolha para ler na altura, mas já descobri algumas pérolas assim. A verdade é que não encaro estes desafios como uma pressão extra, mas sim como uma oportunidade para ler livros que não leria de outro modo.
- Planeamento de leituras. Até há pouco tempo, achava que planear as leituras não tinha piada. Definir logo à partida o que leria retirava o prazer de acabar um livro e divagar pelas estantes à procura do próximo eleito. Mas comecei a fazê-lo este ano e descobri que funciona surpreendentemente bem comigo. Tenho definido, à partida, o que vou ler em cada mês e estimo o tempo que demorarei a ler determinado livro. Esta definição de sub-objetivos, para alcançar o objetivo maior, motiva-me e ajuda-me a ver o objetivo maior como mais facilmente alcançável.
E pronto, isto tem sido a forma que arranjei de diminuir a pilha. Tem funcionado comigo, mas não quer dizer que funcione com outras pessoas, porque cada leitor é um leitor. Têm outras dicas que queiram partilhar?