Autor: Ernest Hemingway
Título Original: Farewell to Arms (1929)
Editora: Livros do Brasil
Páginas: 354
ISBN: 9723827964
Tradutor: Adolfo Casais Monteiro
Origem: Comprado
Opinião: O Adeus às Armas era, sem dúvida, um dos livros que tinha há mais tempo por ler em casa. A edição que tenho faz parte de uma coleção Nobel que apareceu à venda no Continente há uns anos e da qual tenho mais alguns volumes. Tinha alguma expectativa em relação a este em particular, pelo facto de já ter lido O Velho e o Mar há algum tempo e, apesar de ter gostado, não fiquei deslumbrada. Este livro seria, assim, uma espécie de tira-teimas em relação à minha afinidade com este autor.
Acho que a maior parte dos leitores já terá, no mínimo, ouvido falar de Ernest Hemingway, tido como um dos melhores escritores americanos, cujo estilo de escrita influenciou a ficção produzida no século XX; ganhou ainda o Prémio Nobel da Literatura em 1954 e, por tudo isto, esperava sinceramente gostar deste livro, que foi um dos seus primeiros romances e que refletiu, de certo modo, a experiência do autor como condutor de ambulâncias em Itália, no palco da Primeira Guerra Mundial.
A história é narrada na primeira pessoa por Frederic Henry, um expatriado americano que se encontra a lutar pelos Aliados em Itália. Frederic é condutor de ambulâncias e, no início da história, ficamos a conhecer o seu dia-a-dia e um leque de interessantes personagens secundárias, como o seu amigo Rinaldi ou um padre cujo nome o leitor nunca sabe. Para além disso, é também apresentada a enfermeira Catherine, que se apaixona por Frederic. A dada altura, Frederic é ferido num joelho por uma granada e enviado para um hospital em Milão, onde reencontra e se apaixona também por Catherine. A relação dos dois acaba por ser um dos pontos centrais do livro mas, quanto a mim, o menos interessante deles.
Eu gostava de poder dizer-vos que gostei deste livro, mas se o dissesse estaria a mentir. Hemingway é conhecido pelo seu estilo contido nas descrições e diálogos e isso é aqui bem notório. Aqui e ali aparecem no texto excertos de qualidade superior, que me permitiram vislumbrar, de certo modo, o porquê da aclamação deste autor, mas de um modo geral não senti particular prazer em ler este tipo de prosa. No entanto, o meu problema principal foram mesmo as personagens; acredito que Catherine tenha sido escrita propositadamente como uma personagem demasiado dependente em termos emocionais, com pouco amor-próprio e com necessidade de uma relação amorosa a roçar o doentio, mas a verdade é que a achei irritante. Os diálogos entre os dois pareceram-me poucas vezes mais do que maçadores e repetitivos. Não consegui nunca acreditar nesta história de amor. As partes do enredo que decorrem na guerra acabam por ter algum interesse, em especial no que toca a alguns diálogos que acompanham reflexões sobre o sentido da guerra e que, na minha opinião, continuam válidos 85 anos depois da publicação deste livro.
Portanto, o balanço final não foi muito positivo. Não afirmarei que não se trata de um livro relevante na literatura, apenas não o foi para mim. Fiquei com a certeza quase absoluta que o estilo de Hemingway não é feito à minha medida, como leitora. Vendo isto pelo lado positivo, não deixa de ser bom não estar sempre a adicionar novos autores à wishlist.
Classificação: 2/5 – OK