Autor: Rebecca Skloot
Título Original: The Immortal Life of Henrietta Lacks (2010)
Editora: Casa das Letras
Páginas: 416
ISBN: 9789724620213
Tradutor: Luís Santos
Origem: Comprado
Neste livro Rebecca Skloot conduz-nos numa extraordinária viagem, começando pela ala «de cor», do Johns Hopkins Hospital, em 1950, até aos grandes laboratórios cheios de células HeLa. A família de Henrietta não sabia da sua «imortalidade» e, embora as suas células tenham lançado uma indústria multimilionária, nunca viram um tostão. Como Rebecca Skloot tão brilhantemente mostra, a história da família Lacks está indissoluvelmente ligada à história da ciência, ao nascimento da bioética, e às infindáveis batalhas jurídicas sobre se podemos controlar as coisas de que somos feitos.
Opinião: Não sendo formada na área das ciências, não é muito surpreendente que nunca tenha ouvido falar nas células HeLa e na importância que tiveram (e continuam a ter) para a investigação de vacinas e tratamentos de várias doenças, como a poliomielite ou algumas formas de cancro. As células HeLa compõem a linha celular mais antiga em utilização, tendo sido originalmente provenientes de um cancro do colo do útero de uma paciente que faleceu desta doença em 1951. Foi a primeira vez que se conseguiu manter as células vivas in vitro e, a partir daí, reproduzi-las para um grande número de experiências científicas.
O que este livro pretende, para além de contar a história das células HeLa e da sua importância para a investigação científica, é contar a história da mulher de onde essas células foram retiradas, que pouca gente conhece. O nome das células provém do nome da sua dadora original, Henrietta Lacks, uma afro-americana que faleceu de cancro do colo do útero em 1951 e de quem o lote original de células foi retirado sem o seu conhecimento ou da família.
Rebecca Skloot ganhou interesse pela história desta mulher no final dos anos 1990 e nessa altura começou a tentar entrar em contacto com a família de Henrietta Lacks e desenterrar tudo o que podia saber sobre esta mulher. Assim, vai-nos relatando a sua história, mostrando uma mulher forte e dedicada à família que, mesmo numa situação de doença, sempre manteve a dignidade e a força de viver. Estes recuos ao passado vão sendo intercalados com o avanço na pesquisa da autora, em que nos dá conta das dificuldades em alcançar a família de Henrietta, demasiado desconfiados das suas intenções pela quantidade de pessoas que se tentaram aproveitar deles no passado.
O principal ponto positivo desta leitura foi o que aprendi. Nunca tinha ouvido falar destas células e da importância que têm e muito menos onde tiveram origem. Foi também interessante recuar umas décadas e perceber as diferenças que existiam na relação médico-paciente e a pouca informação que era dada ao doente na época sobre a sua doença ou os tratamentos por que iria passar. A autora aborda também algumas lutas em tribunal e leis que foram surgindo para regular a doação de órgãos e tecidos para investigação. De tudo isto gostei, mas do historial da investigação para o livro nem por isso. Não estava muito interessada em saber dos avanços e recuos da relação entre a autora e uma das filhas de Henrietta, Deborah. Acho sinceramente que a autora exagerou nesse aspeto, porque no fundo este livro não era sobre ela mas sim sobre Henrietta e a sua família.
Portanto, resumindo: gostei bastante da parte informativa do livro, gostei de saber sobre a história de Henrietta Lacks, mas tive pouco interesse em saber os passos que a autora deu para obter as informações que aqui nos apresenta.
Classificação: 3/5 – Gostei