Autor: Susan Cain
Ano de Publicação: 2012
Páginas: 368
Estas pessoas são as que preferem ouvir a falar, ler a socializar; que inovam e criam, mas não gostam de se autopromover; que privilegiam o trabalho solitário às sessões de brainstorming coletivo. Embora seja habitual rotulá-los de «silenciosos», é aos introvertidos que devemos muitos dos grandes contributos para a sociedade – dos girassóis de Van Gogh à invenção do computador pessoal.
Esta investigação notável e recheada de histórias pessoais inesquecíveis demonstra até que ponto se subestima a introversão, e como essa atitude conduz ao menosprezo de enormes talentos.
Susan Cain documenta a ascensão do «Ideal do Extrovertido» no século XX e explica o alcance deste fenómeno. Questiona os valores dominantes da cultura empresarial americana, onde o hábito do trabalho em equipa pode matar a criatividade, e onde o potencial de liderança dos introvertidos costuma ser desperdiçado. E recorreu aos dados da investigação mais recente em psicologia e neurociência para revelar as diferenças surpreendentes entre extrovertidos e introvertidos.
Para que não restem dúvidas, conta-nos a história de introvertidos célebres como Lewis Carroll, Gandhi, Albert Einstein, Eleanor Roosevelt e Al Gore.
Este livro extraordinário mudará em definitivo a maneira como vemos os introvertidos e, não menos importante, a forma como os introvertidos se veem a si próprios.
Opinião: A introversão é um tema que me interessa sobremaneira, porque é uma característica da minha personalidade que nem sempre foi bem tratada – pelos outros, mas por mim também. A vida tem-me ensinado a aceitar essa parte de mim mais facilmente, apesar de muitas vezes ainda ser difícil lidar com certas situações. Por isso, quando tomei conhecimento da existência deste livro e reparei que tinha, na generalidade, excelentes opiniões, soube que tinha de o ler.
Susan Cain aborda a introversão de vários pontos de vista, mas há que dizer desde já que este livro é tudo menos um livro de auto-ajuda. O seu objetivo não é fornecer dicas para os introvertidos conseguirem sobreviver numa sociedade virada para os ideais extrovertidos; pretende antes explicar, de forma sustentada, as principais características dos introvertidos, as origens da introversão e a influência da introversão no mundo em que vivemos. A autora toca em todos estes tópicos com base em estudos interessantíssimos, cuja carga teórica vai sendo intercalada com experiências, suas e de outros, na vida real, indo por vezes buscar episódios históricos que ajudam a ilustrar a ideia que pretende transmitir.
Há por todo o livro ideias tão interessantes e fascinantes, que é impossível não (re)analisarmos a nossa pessoa – ou pessoas que conhecemos – à luz dessas mesmas ideias. Lembro-me, por exemplo, do estudo que destacava determinados sinais que mostram desde bebé se uma pessoa terá mais tendência a ser introvertida ou extrovertida. E depois há análises em que nunca tinha pensado, como as diferenças entre as culturas orientais e ocidentais, com as diferentes importâncias que ambas as culturas dão à introversão e extroversão.
O que mais gostei neste livro foi ter sentido que a autora valida a introversão como uma característica positiva da personalidade de uma pessoa, mas sem nunca a achar superior à extroversão. É importante dizer que Susan Cain faz questão de salientar que as pessoas não são necessariamente só introvertidas ou extrovertidas, mas antes que existe uma multiplicidade de conjugações e influências genéticas/sociais que determinam quem somos.
Para alguém que sempre entendeu implicitamente a sua personalidade silenciosa e refletiva como algo fora do “normal”, é um passo enorme perceber finalmente que não tem nenhum defeito. Não é que este livro tenha mudado de forma radical o que já sabia sobre mim, mas foi, sem dúvida, uma ajuda preciosa neste caminho que é a compreensão e aceitação do ser humano que sou. Recomendadíssimo.
Classificação: 5/5 – Adorei