Autor: Cormac McCarthy
Título Original: No Country For Old Men (2005)
Editora: Impresa
Páginas: 220
ISBN: n.d.
Tradutor: Paulo Faria
Origem: Comprado
Opinião: Se não tivesse sido o vencedor da última votação no “Vocês Escolhem”, duvido que tivesse pegado neste livro tão cedo. Não é porque não tivesse vontade de o ler, mas antes porque Cormac McCarthy se tornou num daqueles escritores de que gosto muito mas que tenho um certo receio de ler, porque acho que estes livros precisam de ser lidos com o estado de espírito certo. Felizmente, este livro apanhou-me numa dessas alturas.
Estamos nos Estados Unidos dos anos 1980, perto da fronteira dos E.U.A com o México, quando Llewelyn Moss, num dia em que foi caçar, se depara com uma cena mórbida, com corpos por todo o lado. Rapidamente percebe que se tratou de uma rixa entre traficantes de droga e não demora muito tempo a encontrar uma mala com milhões de dólares. Este dinheiro é o mote para uma mudança radical na sua vida, porque mesmo sabendo que os donos do dinheiro nunca deixarão de o procurar decide, ainda assim, levar a mala consigo.
Anton Chigurh é um assassino contratado para reaver esse dinheiro. Mas a recuperação da mala está longe de ser o que mais o move: Chigurh é implacável, frio mas, de certo modo, um filósofo da vida e, principalmente, da morte. É uma personagem fascinante e, sem dúvida, um dos melhores vilões que já encontrei nas páginas de um livro. A sua frieza e diálogos com as vítimas antes de as matar são das melhores coisas que já li.
Mas esta não é a história de nenhuma dessas personagens, Moss e Chigurh, mas antes do xerife Bell. E principalmente do país em que todos eles vivem, um país onde as guerras e a violência fazem parte do dia-a-dia das suas pessoas. Bell, um veterano de guerra, é o narrador de parte do livro, e cada capítulo inicia-se com reflexões sobre a sua vida, o seu país, e os acontecimentos que vão rodeando a mala de Moss e a perseguição de Chigurh.
A narrativa é típica de McCarthy. Diálogos que não são convencionalmente assinalados como tal, muitos pontos finais e muitas enumerações com a palavra “e”. Bastaram-me poucas páginas para me (re)habituar ao estilo e depressa a qualidade narrativa faz esquecer estas particularidades estilísticas. Apesar do ritmo por vezes frenético dos acontecimentos, McCarthy arranja sempre tempo para reflexões interessantíssimas sobre o seu país e sobre as vidas das suas personagens.
Não posso deixar de recomendar este magnífico livro, que me parece ser um bom ponto de partida para quem ainda não conhece o autor. E agora fico super-curiosa por ver o filme, que ganhou 4 Óscares em 2007.
Classificação: 5/5 – Adorei