Autor: Kate Summerscale
Título Original: The Suspicions of Mr. Whicher (2008)
Editora: Bertrand
Páginas: 358
ISBN: 9789722519311
Tradutor: Fernanda Oliveira
Origem: Comprado
Uma história verídica que abalou a sociedade da época e cujos ecos se fazem ouvir ainda hoje, na sociedade, na literatura e na investigação criminal.
Opinião: Não surpreendo ninguém se disser que comprei este livro sem saber praticamente nada sobre ele, pois não? Gostei da capa e sabia vagamente que se tratava de um policial que tinha tido algum sucesso, e isso foi o suficiente para o ter adquirido. Agora, mais de 4 anos depois, li-o finalmente e descobri que não era nada do que estava à espera, porque se trata de um documentário histórico sobre um homicídio verídico, decorrido em plena Inglaterra vitoriana.
Estávamos no final de junho de 1860 quando o pequeno Saville Kent, de 3 anos, desapareceu da cama onde dormia na sua casa em Road Hill, rodeado por amas e família. Mais tarde, quando o corpo do menino foi encontrado, descobriu-se que foi vítima de uma morte violenta, cujo perpetrador era, aparentemente, um dos residentes da casa. Passadas duas semanas, o detetive londrino Jonathan Whicher chega a Road Hill para investigar o caso e as suas averiguações levam-no a um culpado contra o qual não consegue arranjar provas concretas. Apenas anos mais tarde, quando o referido culpado decide confessar o que fez, a perspicácia e inteligência de Whicher é reconhecida.
Com base em documentos históricos – desde jornais a outros livros sobre o crime e a época em que decorreu -, Kate Summerscale escreveu um livro em que se nota o enorme trabalho de pesquisa através dos detalhes apresentados e do rigor que transparece das suas palavras. É um relato factual, sem espaço para opiniões pessoais ou especulações, o que, se por um lado contribui para o leitor lhe conferir credibilidade, por outro torna a leitura algo seca e monótona.
A parte inicial não foi, de todo, fácil de ler. Os detalhes do crime são, por vezes, demasiados duros de conhecer por se tratar de uma criança. Cheguei mesmo a ponderar parar de ler, mas decidi continuar e posso dizer que não me arrependo. Para além da reconstituição detalhada do crime, a autora deu também muita importância à contextualização da época vitoriana, a costumes e modos de vida, e isso sem dúvida que ajuda o livro a tornar-se mais interessante. Não esquecer também o retrato feito sobre o aparecimento da figura do detetive policial e da forma como este caso influenciou futuros detetives fictícios e as histórias em que participaram.
No final de contas, foi um livro que gostei de ler. Fugiu às minhas expectativas, mas isso não foi necessariamente mau. Não foi uma leitura que me cativasse em pleno, mas aprendi mais sobre a Inglaterra vitoriana e fiquei agradavelmente surpreendida pela vasta pesquisa da autora.
Classificação: 3/5 – Gostei