Autor: C.S. Lewis
Título Original: The Lion, the Witch and the Wardrobe (1950)
Série: Crónicas de Narnia #2 (ordem cronológica)
Editora: Editorial Presença
Páginas: 135
ISBN: 9789722330206
Tradutor: Ana Falcão Bastos
Origem: Comprado
Opinião: Li o primeiro livro desta série e até gostei. Como tenho os dois volumes seguintes, achei que era boa ideia pegar neles antes que passasse demasiado tempo sobre a primeira leitura e me esquecesse dos detalhes fundamentais.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os irmãos Peter, Susan, Edward e Lucy, são enviados para uma casa de campo aos cuidados de um professor. O mau tempo depressa acaba com as suas perspetivas de brincadeiras ao ar livre e, numa das explorações pela casa, Lucy entra dentro de um guarda-fatos e descobre que o móvel é uma porta para outro mundo. Nárnia está coberto de um manto branco de neve, e um fauno que Lucy encontra diz-lhe que é obra da Bruxa Branca, que mantém Nárnia num inverno constante e que não permite a vinda do Pai Natal.
Após a desconfiança inicial dos seus irmãos quanto à existência deste mundo, em especial de Edmund, não passa muito tempo até que todos visitem Nárnia e descubram a influência nefasta da Bruxa Branca e conheçam a majestade do leão Aslan, encarado em Nárnia como um salvador, cujo regresso é muito ansiado. Esta luta entre o Bem e o Mal inclui ainda animais falantes, gigantes, figuras mitológicas, entre outras.
Já tinha referido na minha opinião anterior o vincado cariz católico, em forma de alegoria, que transpirava daquele livro, e neste a tendência mantém-se. É impossível não associar Aslan a Jesus Cristo, em especial no que se refere ao episódio da crucificação e da ressureição. Não deixa de ser curioso relembrar o que li no livro Tolkien – O Homem e o Mito, onde é abordada com relativa profundidade a presença dos elementos católicos na obra de Tolkien e noutras obras de fantasia, incluindo as de C.S. Lewis, e agora ler este livro à luz dessa informação. A presença, per se, destes elementos não me incomoda; o que não apreciei muito neste livro em particular foi a forma demasiado evidente como são postos à vista do leitor.
A dicotomia entre o Bem e o Mal é um tema por demais evidente, e que se relaciona com a influência católica, e isso, na minha opinião, acaba por limitar um pouco o interesse das personagens. Para além desta quase inexistência de linhas cinzentas, não achei que as personagens fossem particularmente bem desenvolvidas e houve vários acontecimentos na história que me deixaram a pensar por que raio o autor os incluiu (é só a mim que parece deslocado o episódio do aparecimento do Pai Natal no meio disto tudo?)
Acho que se tivesse lido este livro há 20 anos, era capaz de ter gostado bastante, especialmente porque não conseguiria ver ou compreender algumas coisas implícitas a esta história e que em adulta influenciaram bastante a minha apreciação. No fundo, é uma história que tem uma premissa engraçada, mas que pessoalmente me desiludiu no seu desenvolvimento. Ainda assim, vou ler o 3.º volume da série, mas só porque já o tenho em casa.
Classificação: 2/5 – OK