[Opinião] Letters from Skye, de Jessica Brockmole

16127238Autor: Jessica Brockmole
Ano de Publicação: 2013
Páginas: 304
ISBN: 9780345542601

Sinopse: A sweeping story told in letters, spanning two continents and two world wars, Jessica Brockmole’s atmospheric debut novel captures the indelible ways that people fall in love, and celebrates the power of the written word to stir the heart.
 
March 1912: Twenty-four-year-old Elspeth Dunn, a published poet, has never seen the world beyond her home on Scotland’s remote Isle of Skye. So she is astonished when her first fan letter arrives, from a college student, David Graham, in far-away America. As the two strike up a correspondence—sharing their favorite books, wildest hopes, and deepest secrets—their exchanges blossom into friendship, and eventually into love. But as World War I engulfs Europe and David volunteers as an ambulance driver on the Western front, Elspeth can only wait for him on Skye, hoping he’ll survive.
 
June 1940: At the start of World War II, Elspeth’s daughter, Margaret, has fallen for a pilot in the Royal Air Force. Her mother warns her against seeking love in wartime, an admonition Margaret doesn’t understand. Then, after a bomb rocks Elspeth’s house, and letters that were hidden in a wall come raining down, Elspeth disappears. Only a single letter remains as a clue to Elspeth’s whereabouts. As Margaret sets out to discover where her mother has gone, she must also face the truth of what happened to her family long ago.
  

Opinião: Quando a Cat leu este livro, gostou e referiu, por comparação, A Sociedade Literária da Tarte de Casca de Batata, soube que, mais tarde ou mais cedo, teria de o ler também. A comparação com o livro de Mary Ann Shaffer e Annie Barrows deve-se, principalmente, ao facto de serem ambos romances epistolares e decorrerem durante as Guerras Mundiais do século XX – em Letters from Skye, ambas são abordadas, apesas do destaque para a Primeira. Portanto, foi com a expectativa de, de certo modo, recriar as boas sensações que a leitura de A Sociedade Literária da Tarte de Casca de Batata me trouxe, que parti para esta leitura.

O enredo inicia-se em 1912, quando David Graham, um jovem universitário americano, escreve à poetisa escocesa Elspeth Dunn, como forma de demonstrar a admiração pela sua obra. O estilo engraçado e espirituoso de David facilita a troca de correspondência entre os dois e rapidamente se tornam amigos e transformam-se num apoio fundamental para os problemas que vão surgindo na vida de ambos. Elspeth vive “presa” na ilha de Skye, de onde nunca saiu por medo de andar de barco. É uma mulher casada, vive no campo e a poesia é uma das poucas formas que tem de viajar e viver outras vidas. David procura o seu rumo, lutando contra a desaprovação do pai e contra o seu desnorte quando a ter um objetivo de vida. 

Os capítulos ondem lemos as cartas trocadas entre os dois são intercalados por outras cartas onde Margaret, a filha de Elspeth, é protagonista. Estamos em 1940, em plena Segunda Guerra Mundial, e Margaret afadiga-se a ajudar a evacuar crianças para locais seguros. Vive com a mãe e não sabe absolutamente nada sobre o seu pai. Quando encontra uma carta que David escreveu para a mãe, há tantos anos, e Elspeth desaparece sem deixar rasto, Margaret decide diligenciar para descobrir as suas origens, recorrendo para isso à família de Elspeth, que mal conhece.

E assim, estes dois períodos de tempo vão intercalando entre si, deixando normalmente o leitor em suspense em relação ao desenrolar dos acontecimentos. A relação entre Elspeth e David é o ponto central do enredo, em torno do qual tudo o resto gira. A leitura avança rapidamente pela ânsia de saber que rumo a história vai tomar e o que originou as situações que vamos presenciando em 1940. 

Não acho que seja fácil escrever um romance epistolar bem sucedido, por causa das limitações auto-impostas. O leitor não acompanha os acontecimentos in loco e por isso há sempre coisas por revelar, pedaços de história perdidos. Mas, se for bem feito, esses espaços podem ser preenchidos pela imaginação do leitor, beneficiando até desse facto. Os artifícios utilizados pela autora para dar a informação necessária são por vezes bastante evidentes, mas na maior parte dos casos funcionam. Achei só que no final houve um pouco de drama a mais, ao bom estilo de uma telenovela, mas nada que tenha afetado muito a minha opinião geral sobre o livro.

Penso que a maior virtude deste livro é o facto de aquelas pessoas e a sua história me terem parecido reais. Achei a Elspeth uma personagem muito interessante, a vários níveis, com David a funcionar como a água que permite a planta crescer e florescer. A guerra acaba por não ser apenas um elemento contextualizador: a autora dá conta da vida dos soldados e das dificuldades inerentes de uma forma realista e interessante. A esperança, a procura de um lugar no mundo e a dicotomia entre o certo e o errado nas ações e relações humanas são temas que a autora explora muito bem também.

Em suma, não é um livro perfeito, mas conseguiu comunicar comigo e transportar-me para aquela época onde as cartas ainda eram tão importantes. Recomendo.

Classificação: 4/5 – Gostei Bastante

mae-billboard

Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.