Tenho andado a ver muito poucos filmes ultimamente. Não há uma razão concreta para isto, para além de que prefiro utilizar o meu tempo livre para outras coisas – nomeadamente ler. No entanto, há umas semanas decidi dar uma vista de olhos nos melhores filmes do ano passado, segundo o IMDB, e, entre vários outros, encontrei por lá What Maisie Knew, realizado por Scott McGehee e David Siegel, e que conta com Julianne Moore, Alexander Skarsgård e Onata Aprile nos papéis principais.
Comecei a ver o filme sem saber muito sobre o que a história me reservava, mas depressa fiquei absorvida. A pequena Maisie vive no meio de uma família disfuncional: a mãe é uma estrela rock e o pai anda sempre em viagens de trabalho. Os dois decidem separar-se e segue-se uma batalha legal pela custódia da menina, que inclui estadias na casa dos dois e ficar entregue a outras pessoas, nomeadamente à antiga empregada do casal e ao mais recente namorado da mãe, que trabalha na noite. O enredo não parece assim muito original, mas o que distingue este filme é que o espetador assiste a tudo isto pelos olhos da menina. Muitas vezes, as cenas são apenas fragmentos de acontecimentos, pequenos momentos, mas que servem perfeitamente para compreendermos o que se passa.
As interpretações são muito boas. Onata Aprile, a pequena Maisie, é de uma candura e inocência de partir o coração; Julianne Moore está excelente no papel de mãe alienada e acreditamos facilmente que Alexander Skarsgård tem jeito para crianças e se preocupa realmente com aquela menina com a qual não tem laços de parentesco. É daqueles filmes que nos agarram, que nos moem e que ficam connosco mesmo depois dos créditos finais. Como mãe recente deixou-me a ponderar sobre as minhas dúvidas inevitáveis mas perfeitamente tolas acerca de ser ou não boa mãe. E também na simplicidade daquilo que mais faz uma criança feliz: o afeto e a atenção. Se tiverem oportunidade, não deixem de ver esta pequena pérola que me parece ter passado bastante despercebida.
Só depois de terminado o filme é que descobri tratar-se de uma adaptação moderna do clássico de Henry James, publicado em 1897. Escusado será dizer que já está em fila de espera para ser lido. Podem encontrar a versão em e-book gratuita, em vários formatos, aqui.