A expectativa em ler este terceiro número da revista Clarkesworld advinha de conter um conto de Catherynne M. Valente, uma vez que tenho há algum tempo debaixo de olho o seu livro “A Menina que Circum-navegou o Reino Encantado (Num Barco Que Ela Mesma Fez)“. Dos três números que li até agora, este foi o que mais gostei.
A ilustração da capa entitula-se “Master of Reality” e é da autoria de Leszek Kostuj.
“Urchins, While Swimming“, Catherynne M. Valente
O conto tem início com um verso de Pushkin, Rusalka, ao qual o conto vai buscar o título. Rusalka é o nome dado às ninfas aquáticas na mitologia eslava, que a autora recupera neste conto. A personagem principal é Kseniya, cuja história acompanhamos desde pequena, quando a sua mãe a acorda todas as noites para lhe molhar o cabelo, que tem de estar constantemente húmido. Após perder a mãe e frequentar a faculdade, Ksenyia conhece Artyom, a quem conta a história da sua mãe e o motivo pelo qual precisa de ter sempre o cabelo molhado. Mas é também por causa de Artyom que Ksenyia descobre a sua verdadeira natureza.
Gostei bastante deste conto, por causa da história em si mas especialmente porque a autora consegue, através da sua escrita, transmitir vida, nostalgia e alguma tristeza à sua história. O vínculo entre mãe e filha está também muito bem explorado sem terem sido necessárias muitas palavras. – 4/5
“The Other Amazon“, Jenny Davidson
E se pudéssemos encomendar da Amazon livros que ainda não foram publicados, de autor vivos e mortos? É isto que a narradora do conto descobre que consegue fazer quando numa encomenda da Amazon lhe aparece um livro cuja data de publicação só estava prevista para dali a um ano. Esta Amazon alternativa permite que sejam encomendados livros que queremos muito ler e que ainda não foram publicados, livros de autores falecidos que gostaríamos de ter lido, e por aí em diante, num mundo infinito de possibilidades.
Gostei de ler este conto, especialmente porque achei a premissa deliciosa. Junte-se a isto uma narrativa pontuada aqui e ali com humor e temos um texto muito agradável de ler. Gostaria apenas que o final tivesse sido um pouco mais desenvolvido, mas ainda assim o balanço é muito positivo. – 4/5