Autor: Justin Cronin
Título Original: The Passage (2010) – 1.ª metade
Série: A Passagem #1.1
Editora: Editorial Presença
Páginas: 557
ISBN: 9789722346061
Tradutor: Miguel Romeira
Origem: Comprado
Opinião: Desde que foi publicado por cá (em 2 volumes) que este livro tinha despertado a minha atenção pela sua premissa e porque a opinião geral dos leitores no Goodreads é bastante positiva. Apanhei uma boa promoção no final do ano passado e adquiri os dois volumes. Ao contrário de tantos livros que tenho por ler em casa, este não teve de esperar muito tempo.
A história de “A Passagem” tem início no nosso tempo. Um grupo de cientistas norte-americanos ruma à América do Sul para investigações e acaba por descobrir da pior forma um vírus que tem a potencialidade de criar uma espécie de super-humanos quase imortais, que se alimentam de sangue – vampiros, se quiserem. Os militares interessam-se pela descoberta e decidem começar experiências teoricamente super-controladas com condenados à morte, que são propositadamente infetados por este vírus. Mas o imprevisto acontece e estes seres, para além do poder físico, têm também poder de controlar mentes, o que lhes permite fugir do controlo dos militares e espalhar rapidamente o vírus por outros seres humanos, matando outros milhões entretanto.
Ao mesmo tempo que tudo isto se desenrola, acompanhamos várias personagens individualmente. Amy Bellafonte, a menina fruto de uma família disfuncional, criança e adulta ao mesmo tempo, alguém que desde a primeira página do livro sabemos que vai ter um papel fundamental no desenvolvimento da história; Brad Wolgast, um agente do FBI encarregado de convencer os condenados à morte a participarem na “experiência”; Anthony Carter, um dos condenados à morte; Lacey, uma freira que se vê envolvida de forma não intencional na vida turbulenta de Amy; Richards e Sykes, dois dos responsáveis por esta experiência.
A segunda parte do livro inicia-se quase 100 anos depois da propagação do vírus e apresenta-nos novas personagens, vivendo numa colónia americana protegida dos virais, completamente isolada do resto do mundo. Peter, Theo, Alicia, Sara, Michael e tantos outros começam assim a ganhar o seu espaço na história, mostrando-nos as privações e a adaptabilidade do ser humano a condições extremas, em prol da sua sobrevivência.
Tanto na primeira como na segunda parte, a narrativa foca-se muito no desenvolvimento destas personagens e do seu passado, e os acontecimentos vão sendo relatados de acordo com as suas visões. Isto confere ao texto uma qualidade mais emocional, permitindo que o leitor se sinta mais ligado aos acontecimentos e às vivências de todas estas pessoas. Isto agradou-me bastante e fez com que um livro de mais de 500 páginas raramente se tivesse tornado uma leitura aborrecida.
O enredo, sem ser terrivelmente original (lembrei-me de A Estrada, de Cormac McCarthy e também de Eu Sou a Lenda, de Richard Matheson) é intrigante o suficiente para suportar o interesse do leitor. Conjugado com o bom desenvolvimento das personagens, foi um livro que me cativou e me deixou muito curiosa para saber o que se vai passar a seguir. Só tenho mesmo a apontar as sensações de déjà vu e os diálogos que por vezes me pareceram um bocado básicos, apesar de considerar que a escrita tem momentos muito bem conseguidos. A segunda parte será lida em breve.
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante