[Opinião] A Luz Entre Oceanos, de M.L. Stedman

15740260Autor: M.L. Stedman
Título Original: The Light Between Oceans (2012)
Editora: Presença
Páginas: 365
ISBN: 9789722348485
Tradutor: Maria João Freire de Andrade
Origem: Comprado

Sinopse: 1926. Tom Sherbourne é um homem que, regressado dos horrores da Primeira Guerra Mundial, aceita ocupar o posto de faroleiro numa remota ilha ao largo da costa oeste australiana. Os únicos habitantes de Janus Rock, Tom e a sua esposa Isabel vivem uma vida pacata, isolados do resto do mundo. Numa manhã de Abril dá à costa um barco que transporta um homem morto e um bebé que chora – mudando para sempre o destino do jovem casal. Só anos mais tarde vão descobrir as terríveis consequências da decisão que tomaram naquele dia – à medida que a verdadeira história daquela criança se revela… Esta é uma história sobre o bem e o mal, e de como por vezes se confundem.

Opinião: Tom Sherbourne é um sobrevivente da 1.ª Guerra Mundial que continua a ser perseguido pelas terríveis recordações da morte, de amigos perdidos e de atrocidades que se viu obrigado a cometer. O emprego de faroleiro proporciona-lhe a paz e o silêncio que ajudam a calar as vozes que insistem em atormentá-lo, e a isolada ilha de Janus*, entre os oceanos Atlântico e Índico, parece o refúgio ideal para uma vida regrada, em que os dias se sucedem da mesma forma e se sabe (quase) sempre o que esperar. No entanto, nas suas breves estadias em Partageuse*, no continente australiano, Tom acaba por conhecer Isabel e apesar do seu desejado isolamento, apaixona-se por ela, os dois casam e vão viver para Janus.

É num contexto algo depressivo, envolvendo abortos e muita tristeza daí decorrente, que aparece na ilha um barco com um homem morto e um bebé, que na altura parece a Isabel uma recompensa por todas as provações que teve de suportar. Os dois ficam com a criança e é este acontecimento que move toda a história e que levanta as questões mais interessantes. A capa do livro refere que é uma história sobre o bem e o mal e como por vezes se confundem; apesar do cliché, é mesmo essa a questão central do livro: existe limite entre o bem e o mal? Onde fica ele? Penso que a principal conquista deste livro é pôr o leitor perante várias perspetivas sem tomar declaradamente um dos lados, e deixar que ele próprio forme a sua opinião, que perante os factos apresentados não será, de todo, muito firme. A minha posição como mãe recente talvez me tenha dado uma visão diferente dos acontecimentos, mas ainda assim considero que a resolução foi adequada.

Mas não foi uma leitura isenta de problemas. Por vezes, notei alguma imaturidade (é um primeiro livro) pela adição de informação pouco relevante para o desenvolvimento do enredo; a escrita tem momentos muito bons, mas os diálogos deixam frequentemente a desejar. E, por fim, o meu maior problema com este livro foi toda a emoção que era suposto me ter causado e não causou. O dilema que envolveu a criança teve o condão de me fazer pensar “e se fosse comigo?”, mas nada mais que isso. Não me senti muito ligada às personagens (de Isabel não gostei mesmo), e, por consequência, os problemas que os afetam acabaram por não me preocupar e fizeram de mim uma mera observadora. 

Resumindo, foi uma leitura que ficou um bocado aquém do esperado. Levanta questões que me interessaram muito e a ambiguidade das decisões tomadas pelas personagens é bem explorada, mas como obra literária tem características que não me deixaram satisfeita. Sou capaz de voltar a dar uma oportunidade a trabalhos futuros desta autora.

*tanto a ilha de Janus como Partageuse são localizações fictícias.

3/5 – Gostei

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.