Foi o aparecimento do filme Atlas da Nuvens que despoletou o meu interesse pela leitura do livro de David Mitchell, como expliquei aqui. Adorei o livro e estava convencida que também ia adorar o filme, mas não foi bem assim. A adaptação é bastante fiel no que diz respeito às seis histórias, mas o facto de o ter visto imbuída da riqueza das palavras do livro não me permitiu, acho eu, desfrutar completamente do filme.
Apesar de ter quase 3 horas de duração, o filme acaba por cortar vários detalhes da história. Cinematograficamente falando, talvez nem fossem tão importantes assim, e a sua falta não compromete a essência da história, mas a verdade é que depois de ter passado quase um mês de volta deste livro, ver tudo resumido num “curto” espaço de tempo deu-me a sensação de que se passa tudo muito depressa e não consegui apreender toda a complexidade da história.
Depois, a própria estrutura do filme é diferente da do livro e acho isso perfeitamente compreensível. No livro, com exceção de uma, todas as histórias são interrompidas apenas uma vez; no filme, as interrupções são constantes e os saltos entre as histórias são tão frequentes que achei que se não tivesse lido o livro teria ficado confusa e muito pormenores ter-me-iam escapado. Mas de uma coisa gostei muito no filme, que foi a reciclagem de atores entre histórias: acho que ajudou a consolidar uma das principais ideias que David Mitchell quis passar.
Já por várias vezes fiz esta experiência – ler o livro, ver o filme de seguida – mas nunca como agora senti que a ordem pela qual fiz estas duas coisas influenciou tanto a opinião que fiquei da passagem para o grande ecrã. Talvez tivesse gostado um pouco mais do filme se não tivesse lido o livro antes. Ou não, agora nunca vou saber. Ainda assim, recomendo esta história, seja qual for o meio pelo qual decidam tomar contacto com ela 😉