Sempre fui apologista da ideia de que quando se gosta muito de uma coisa ou se faz questão de estar com alguém, a “falta de tempo” acaba por ser uma desculpa esfarrapada. Já ouvi várias pessoas que não têm hábitos de leitura dizerem que não o fazem por falta de tempo. Ora, eu sei que há vidas muito ocupadas – e tendo sido mãe recentemente tenho noção que certos acontecimentos da nossa vida podem cortar uma boa parte do tempo livre que se poderia ter para ler – mas a verdade é que sobra sempre algum tempo, por pouco que seja, para nós próprios. As pessoas que dizem não ler por falta de tempo preferem simplesmente dedicar o seu tempo livre – seja ele muito ou pouco – a outras atividades que não a leitura. Acaba por ser um pouco, apesar das devidas diferenças, como se dizer que não se lê porque os livros estão caros.
Este relógio representa uma fase da minha vida que, julgo, nunca mais se vai repetir. De momento, estou a ler um livro – Atlas das Nuvens – que exige um considerável nível de atenção e dedicação exclusiva porque é um volume com mais de 600 páginas que não se presta a ser lido com um bebé ao colo. O meu filho praticamente não dorme de dia, só de noite, o que significa que quando não estou a tomar conta dele estou a fazer outras coisas por casa e é demasiado complicado ler mais do que uma página seguida. Quando ele finalmente adormece é hora de apagar a luz e puff! tenho de esquecer o livro e pegar no Kindle – isto é, até o sono me vencer, coisa que demora uns 2 minutos. Ou seja, atualmente tenho muito pouco tempo para ler e por vezes é frustrante porque tenho imensa vontade de o fazer. Mas o pouco tempo livre que me sobra vai para a leitura. Deixa lá ver se consigo acabar o livro antes do fim do ano 😀