Na grande maioria dos posts desta rubrica, falei de adaptações cinematográficas de livros que li, mas desta vez vou falar sobre um filme baseado em livros que (ainda) não li. Master and Commander: The Far Side of the World é um filme de 2003, realizado por Peter Weir e protagonizado por Russell Crowe, que só agora tive oportunidade de ver. Passa para o grande ecrã as histórias de Patrick O’Brian, que publicou uma série de 20 livros históricos, descrevendo as aventuras náuticas do capitão inglês Jack Aubrey e do seu amigo médico Stephen Maturin (no filme interpretados por Russell Crowe e Paul Bettany, respetivamente). O primeiro livro foi publicado em 1969 e o 20.º em 1999, tendo ficado um 21.º meio escrito aquando da morte do autor no ano seguinte.
Este filme estreou em 2003, mas na altura a premissa não me cativou porque não sou fã de histórias náuticas. Continuo a não ser, mas passados quase 10 anos vi que o filme ia passar no canal Fox Movies e achei que era boa ideia ver, até porque até hoje gostei de todos os filmes que vi com o Russell Crowe. Acrescento só que foi nomeado para 10 Oscars, mas teve azar porque calhou no mesmo ano de O Regresso do Rei, que como se sabe dominou os prémios desse ano.
Os acontecimentos do filme não correspondem a um único livro da série; a inspiração vem de pelo menos cinco dos livros. A história decorre no início do século XIX, durante as Guerras Napoleónicas, e vai encontrar o capitão Jack Aubrey e a sua tripulação a bordo do HMS Surprise a tentar capturar o navio francês Acheron, ao largo da América do Sul. Todo o filme gira em torno do antagonismo entre os dois navios, numa espécie de jogo do gato e do rato, com lutas navais pelo meio e muito da vida a bordo. A âncora emocional do filme é a relação de amizade entre os dois protagonistas que dá origem, na minha opinião, às melhores cenas.
O filme não parece, à partida, nada de especial, e na verdade não achei a história base nada de extraordinário. Mas ainda assim, foi um filme que gostei de ver, pelo excelente retrato de época e da vida naval em particular – incluindo as dificuldades nos casos em que eram necessárias cirurgias. Também gostei da vertente naturalista, abordada quando a tripulação aporta nas Ilhas Galápagos e todo um novo mundo de espécies animais e vegetais desponta. Gostei das interpretações (o Russell Crowe nunca me desilude) e só tenho pena que não tenha sido dado mais destaque ao marinheiro desempenhado pelo Billy Boyd (Pippin, n’O Senhor dos Anéis).
No final, fiquei com bastante vontade de pegar nos livros. Os três primeiros (ou pelo menos parecem-me os três primeiros pelo nome) foram publicados por cá pela ASA, mas pelas minhas pesquisas penso que não sejam fáceis de encontrar à venda. Talvez tenha de recorrer à biblioteca.