[Opinião] The Distant Hours, de Kate Morton

Autor: Kate Morton
Ano de Publicação: 2010
Editora: Pan Publishing
Páginas: 677
ISBN: 9780330477581 
Origem: Comprado

Sinopse (da edição portuguesa): Tudo começa quando uma carta, perdida há mais de meio século, chega finalmente ao seu destino… Evacuada de Londres, no início da II Guerra Mundial, a jovem Meredith Burchill é acolhida pela família Blythe no majestoso Castelo de Milderhurst. Aí, descobre o prazer dos livros e da fantasia, mas também os seus perigos. Cinquenta anos depois, Edie procura decifrar os enigmas que envolvem a juventude da sua mãe e a sua relação com as excêntricas irmãs Blythe, que permaneceram no castelo desde então. Há muito isoladas do mundo, elas sofrem as consequências de terríveis acontecimentos que modificaram os seus destinos para sempre. No interior do decadente castelo, Edie começa a deslindar o passado de Meredith. Mas há outros segredos escondidos nas paredes do edifício. A verdade do que realmente aconteceu nas horas distantes do Castelo de Milderhurst irá por fim ser revelada…

Opinião: Quem me segue há algum tempo sabe decerto que gostei muito dos dois primeiro livros da Kate Morton, O Segredo da Casa de Riverton e O Jardim dos Segredos. Fui adiando a leitura deste The Distant Hours, nem sei bem porquê, até porque queria tanto lê-lo que acabei por comprar a edição inglesa antes de ser por cá traduzido. Agora que a autora lançou novo livro, The Secret Keeper, lembrei-me que tinha este encostado a um canto e decidi pegar-lhe.

A história contém elementos a que a autora já nos habituou: ação que decorre em momentos distintos no tempo, narrada alternadamente; mistérios e segredos que envolvem o passado; elementos góticos (neste caso, notoriamente o castelo decrépito); e uma história de amor trágica. Junta-se a isto uma escrita elaborada, deliberadamente lenta e envolvente, e temos um típico romance de Kate Morton. Neste, o centro da história são três irmãs que vivem num castelo no interior de Inglaterra, cuja vida aparece envolta em mistério e que fascina a jovem Edie Burchill, filha de uma mulher que se refugiou no castelo por ocasião da Segunda Guerra Mundial. A história da sua mãe e das irmãs demora a revelar-se e Edie acaba por ir visitar o castelo por acaso, o que contribui ainda mais para a sua obsessão pelas irmãs e pelo castelo. A juntar a isso, o livro que mais marcou a infância de Edie e contribuiu para a sua profissão – editora – foi escrito por Raymond Blythe, o pai das três irmãs.

As três irmãs são, na minha opinião, as personagens mais cativantes do livro: Percy, a irmã gémea terra-a-terra, decidida, objetiva e dominadora; Saffy, a irmã gémea passiva, sonhadora e com habilidade para a escrita; e Juniper, a irmã espírito livre, com acessos de loucura originados por um acontecimento passado traumático. Ao longo da história vamo-las conhecendo em várias fases da vida e todas elas são superiormente caracterizadas. Achei que Edie e a sua mãe foram um bocado menos bem compostas e nunca consegui verdadeiramente interessar-me pelos seus dilemas. 

Eu gostei deste livro, mas sinto-me um pouco desiludida. Parece uma contradição, mas explico: pelos padrões gerais, é um bom livro, mas sinceramente esperava mais desta autora que já me proporcionou momentos de leitura fantásticos. A narrativa é bem sucedida no objetivo de captar o interesse do leitor à medida que avança, se este estiver na disposição de suportar alguns momentos mais “mortos”, na senda de descobrir a resolução de alguns segredos bem guardados, mas a verdade é que achei o final muito forçado. Já tinha achado o mesmo de algumas coincidências e acasos que pontuaram a história, mas o final não me satisfez nem convenceu. Quando se parte para um livro da Kate Morton, já se sabe mais ou menos o que esperar, e a sensação de “mais do mesmo” é normalmente desvanecida pelo poder narrativo que tem e pelas histórias intrincadas que fazem virar página atrás de página para saber como terminará a história. Desta vez, não me senti tão cativada. Portanto, é um livro que penso que os fãs da autora deverão gostar, mas que não recomendaria como primeira experiência para quem ainda não a leu.

Classificação: 3/5 – Gostei

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.