Durante boa parte do tempo em que estive grávida praticamente não tive vontade de ler. Não sei bem explicar porquê, mas desvaneceu-se aquela vontade e alegria que me acompanhava quando abria um livro e lia a primeira página, do sentimento de satisfação decorrente de conhecer mundos e pessoas diferentes… preferi dedicar-me a outras coisas, como retomar o ponto cruz (tinha um quadro começado há imenso tempo, e mesmo assim ainda não o terminei), ver séries ou, pura e simplesmente, não fazer nada.
Agora, de súbito, voltou-me a imensa vontade de ler. Quero acompanhar as novidades literárias, ler todos os livros que tenho aqui em casa a aguardar pacientemente que chegue a sua vez e também atualizar o blogue, que tem estado mais parado do que desejaria. Mas tomar conta de um bebé de 2 meses que não é particularmente calmo tem-me drenado boa parte das energias e não me deixa o tempo que necessitaria para fazer tudo isto. Ainda por cima, tive um problema sério com a amamentação que terminou na mesa de operações de um hospital e que, apesar de estar praticamente resolvido, continua a chatear-me.
Portanto, vou arrancando a ferros uns minutos de leitura enquanto o meu pequeno dorme e quando não me sinto demasiado exausta. De resto, o tempo é passado entre fraldas, biberões, canções de embalar e pensamentos. Porque passo bastante tempo a tentar que o meu filho durma ou pare de chorar, penso bastante. Penso principalmente na vida, mas também na morte. Ainda não consigo ter distanciamento suficiente para perceber o alcance do que aconteceu na minha vida nos últimos meses. Na alegria e no milagre que é ter um filho e na tristeza que é perceber que nunca mais vou ver o meu pai. Destino ou uma coincidência (in)feliz, não sei o que foi que determinou que 2012 ia ser o ano mais triste e mais feliz da minha vida, mas uma coisa eu sei: ela continua.
Nota: “Intermitências” é, espero eu, o nome de uma rubrica nova dedicada a falar de coisas mais pessoais e não relacionadas com livros.