Autor: Erin Morgenstern
Editora: Harvill Secker
Páginas: 387
ISBN: 9781846555237
Origem: Comprado
Opinião: No final do século XIX, um estranho circo aparece misteriosamente em vários locais pelo mundo fora. Le Cirque des Rêves (O Circo dos Sonhos) é um circo bicolor, todo feito a preto e branco, que só abre de noite, e que se revela bastante diferente de um circo tradicional. Em vez de uma tenda, o circo possui várias – cada uma delas dedicada a um artista ou tema particular, descritas com minúcia notável.
O mistério do funcionamento do circo é quase tão grande quanto o mistério que rodeia a sua génese, que o leitor adivinha estar relacionada com o duelo entre as duas personagens principais, Celia e Marco. Ambos com aptidões mágicas, foram preparados desde tenra idade para um jogo entre ambos, desconhecendo tanto as regras como os próprios objetivos, uma vez que os seus mentores fizeram questão de manter o secretismo. Alternados com o desenrolar da história de Celia e Marco, vamos lendo capítulos que descrevem o início da ligação do jovem Bailey ao Circo numa linha temporal diferente, vários anos depois, o que origina saltos constantes no tempo e, pessoalmente, alguma dificuldade para situar acontecimentos.
A sinopse acaba por ser um pouco enganadora: não se trata de uma competição feroz, mas uma demonstração de habilidades e, muitas vezes, uma colaboração na criação de ilusões maravilhosas; por outro lado, o sentimento que nasce entre eles pareceu-me mais fruto das circunstâncias e atração pelas semelhança de habilidades do que amor propriamente dito. Não senti que fosse um livro movido pelas personagens ou pelo seu crescimento individual… nem sequer muito pelo enredo, a bem dizer. O que começa por ser uma ideia interessante depressa começa a cansar pela lentidão dos desenvolvimentos ou pela estranheza de alguns momentos.
É um livro que tem a sua força nas bem conseguidas imagens visuais. O Cirque des Rêves ganha vida e torna-se real através das palavras da autora, que consegue transmitir ao leitor todo o mistério e secretismo deste circo tão peculiar, que se torna ele próprio numa personagem – na minha opinião, a mais interessante de todas.
The Night Circus acabou por ficar aquém das minhas expetativas, a nível de enredo e caracterização de personagens, mas apresenta uma prosa bastante acima da média. Penso poder apelar muito a leitores para quem os ambientes e as palavras sejam suficientes e que gostem de histórias que envolvam circos.
Classificação: 3/5 – Gostei