Autor: John Steinbeck
Título Original: The Pearl (1948)
Editora: Livros do Brasil (Colecção Nobel)
Páginas: 109
ISBN: 9723827948
Tradutor: Clarisse Tavares
Origem: Comprado
Opinião: Desde que li As Vinhas da Ira, já este ano, que fiquei com vontade de pegar em mais qualquer coisa de John Steinbeck. A escolha seria entre este e O Inverno do Nosso Descontentamento, e ganhou A Pérola porque já mo tinham recomendado.
A Pérola é um pequeno livro que nos traz um enredo muito interessante e repleto de simbolismos, baseado numa história da tradição oral mexicana. As personagens principais são um casal de nativos mexicanos (e o seu filho), inserida no seio de uma comunidade que mantém as tradições do seu “povo” e que vive num meio rural, à margem do movimento citadino. A dada altura, Kino e Juana vêem-se obrigados a procurar os serviços de um médico, que recusa atendê-los por serem pobres e indígenas. Quando Kino encontra no mar uma pérola de tamanho nunca antes visto, ele e a mulher acreditam que poderão finalmente conseguir uma vida melhor e deixar as dificuldades e desigualdades para trás. Como seria de esperar, a vida acaba por não ser o mar de rosas que desejavam.
Estamos perante uma parábola, que tem como principal objetivo passar a mensagem de que a ambição desmedida, que faz o Homem desejar mais do que aquilo que lhe é devido, leva à desgraça e à tragédia. Desde o início da narrativa que sentimos o fatalismo pairar sobre a vida das personagens, e o tom cada vez mais negro leva o leitor a adivinhar um final longe de feliz. A ganância, a natureza negra do ser humano e a oposição entre bem e mal são alguns dos temas explorados nesta história.
De novo, gostei muito da escrita de John Steinbeck. O estilo próximo do leitor e a prosa agradável e cativante foram elementos fundamentais para ter apreciado este livro. O autor volta a mostrar o seu amor pela natureza, com a inclusão de passagens belíssimas com descrições do ambiente que rodeia as personagens. Não tenho a certeza de ter gostado inteiramente do tom demasiado moralista da história ou sequer da moral em si – por achar que as coisas nem sempre são a preto e branco – mas está, definitivamente, bem escrito e dá que pensar.
Mais uma vez fiquei encantada com a prosa de Steinbeck, e penso ter encontrado aqui um novo escritor favorito. Acho que este é um bom livro para quem quer conhecer o escritor e, quem sabe, passar para obras mais longas.
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante