[Opinião] A Linguagem Secreta das Flores, de Vanessa Diffenbaugh

Autor: Vanessa Diffenbaugh
Título Original: The Language of Flowers (2011)
Editora: Objectiva
Páginas: 416
ISBN: 9789896720742
Tradutor: Ana Mendes Lopes
Origem: Comprado

Sinopse: Victoria Jones tem medo do contacto físico. Tem medo das palavras, as suas e as dos outros. Sobretudo, tem medo de amar e de ser amada. Há apenas um lugar onde todos os seus medos se esfumam no silêncio e na paz: o seu pequeno jardim secreto, num recanto de um parque público de São Francisco. É nesse refúgio que cuida das flores e se sente em casa. Foi Elizabeth, a única mãe verdadeira que conheceu na sua vida, que a iniciou na arte da linguagem secreta das flores. Para Victoria é simples resumir a sua vida através das flores: a lavanda para a indiferença, os cardos para a misantropia, e a rosa branca para a solidão. Abandonada ainda em bebé, passou a infância a saltitar de uma família adoptiva para outra. Agora, aos dezoito anos, está largada à sua sorte, sem um lugar a que chamar casa. Até ao dia em que uma florista descobre o talento de Victoria para as flores e lhe oferece trabalho. Rapidamente os seus arranjos florais passam a ser dos mais procurados da cidade, porque comunicam emoções, oferecem felicidade e curam a alma. Apesar da magia e beleza que espalha em seu redor, Victoria continua sem esperança de encontrar um remédio que cure as suas feridas. Tudo muda quando conhece Grant, um jovem misterioso que também conhece a linguagem secreta das flores e parece saber tudo sobre ela. Só Grant parece ser capaz de aceder ao coração de Victoria, bem trancado dentro de um compartimento secreto. Este encontro obriga a jovem mulher a recordar um segredo do seu passado e a decidir se vale a pena arriscar tudo em troca de uma segunda possibilidade de ser feliz. Um romance comovente e redentor sobre o significado das flores, e o poder da família e do amor.

Opinião: Já não sei exatamente o motivo pelo qual este livro me chamou a atenção assim que saiu, mas foi daqueles casos em que sabia que, mais cedo ou mais tarde, acabaria por ler. Tinha-o há 2 ou 3 meses a aguardar a sua vez e agora decidi pegar-lhe.

A Linguagem Secreta das Flores não é, ao contrário do que o título ou a capa podem dar a entender, um romance leve e cor-de-rosa; pelo contrário, lida com traumas de infância, com a integração de um indivíduo na sociedade e com o perdão. A história é narrada na primeira pessoa por Victoria Jones, uma jovem orfã de feitio difícil que viveu toda a vida entre casas e famílias de acolhimento. Assim que faz 18 anos, Victoria vê-se sozinha no mundo e quando arranja emprego de florista a jovem acredita que conseguirá ultrapassar todas as dificuldades.

Ao mesmo tempo que nos é relatada a história presente de Victoria, vamos lendo intercaladamente capítulos decorridos no passado, quando Victoria tinha 9 anos e foi acolhida por Elizabeth, uma mulher solteira que demonstrou infinita paciência para a personalidade complicada da criança. Entre outras coisas, Victoria aprendeu com Elizabeth o significado das flores, criando com elas uma afinidade especial, que no futuro lhe viria a permitir vingar na profissão de florista.

O leitor sabe à partida que algo correu mal na estadia de Victoria na casa de Elizabeth, mas só o avançar da história permitirá saber em concreto o quê. A autora tenta, assim, entrelaçar presente e passado e fazer com que o desvendar desse mistério seja o motor principal do interesse do leitor. Como já disse aqui antes, gosto muito dos livros que jogam com situações presentes e passadas e acho que, se esse “jogo” for bem construído, o livro pode tornar-se memorável. Neste caso, confesso que estive quase sempre mais interessada na história passada do que na presente, apesar de não ter achado que o tal mistério, revelado perto do final, tivesse sido assim tão surpreendente ou convincente.

O livro tem momentos muito bons, especialmente quando a autora se debruça na linguagem das flores e naqueles momentos em que os gestos dizem mais que as palavras. Diria que a primeira metade é bastante cativante, mas a partir daí a história arrasta-se um pouco e o que me motivou a continuar a ler foi pouco mais do que o interesse por saber como tudo aquilo iria terminar. Não posso dizer que não gostei de Victoria, mas pareceu-me demasiado estranha e inacessível para conseguir arranjar um ponto de contacto com o qual me pudesse identificar. E considerei a história de amor com a sua mãe adotiva muito mais emocionante do que a que vive com Grant, um jovem também conhecedor da linguagem das flores.

De forma resumida, foi um livro de que gostei bastante a espaços e que me proporcionou uma leitura agradável, mas que deixa definitivamente a sensação que poderia ter sido muito melhor. Nota final para a quantidade de gralhas que o livro tem, que, na minha opinião, ultrapassa o limite do aceitável. 

Classificação: 3/5 – Gostei 

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.