Autor: Isabel Allende
Título Original: La Isla Bajo el Mar (2009)
Editora: Inapa CRT
Páginas: 512
ISBN: 9789896810009
Tradutor: Jorge Fallorca
Origem: Comprado
Opinião: A primeira vez que tentei ler Isabel Allende, não passou disso mesmo, uma tentativa. Desta vez, no entanto, comecei e acabei a leitura, pese embora as dificuldades iniciais. Sim, confesso, por um lado, não estava preparada para o estilo narrativo da autora, e, por outro, as histórias contadas na primeira pessoa nem sempre me conseguem prender. Ainda assim, no cômputo geral, posso dizer que o livro/estória me satisfez e recomendo-a a quem gostar da autora ou adorar romances históricos.
A narrativa inicia-se em Saint-Domingue (actual Haiti), no séc. XVIII e tem como pano de fundo essencialmente o tema da escravatura. A personagem principal é Zarité, uma escrava, através de quem vamos conhecendo a região, as modas e costumes da época e a difícil vida de quem se vê privado de um bem tão precioso como é a Liberdade. O seu percurso de vida, que a própria nos conta, intercalando com a voz do narrador, leva-nos a conhecer um vasto rol de personagens, cujos dilemas, dissabores e lutas acompanhamos com interesse. Independentemente do lado em que se está, cada personagem tem um objectivo, pelo qual, pouco a pouco, o próprio leitor se vai deixando cativar. A personagem principal, em particular, e o núcleo das personagens, no geral, estão muito trabalhadas pela autora, que não descurou quase nenhum pormenor, o que apaixona e estimula uma maior ligação entre leitor e estas.
O principal ponto negativo d’A Ilha debaixo do Mar reside, na minha opinião, no início, o qual não só é muito abrupto como também é recheado de informação. Como tal, a leitura torna-se menos fluida e exige maior concentração/tempo. Contudo, aos poucos, o leitor vai-se embrenhando na narrativa, e nas pequenas histórias paralelas, e o interesse renova-se. Com uma linguagem simples, e oferecendo sempre duas perspectivas (a do narrador e de Zarité) sobre os acontecimentos, o leitor viaja até ao Haiti, passando por França e Nova Orleães, sofrendo, rindo e lutando como os personagens por um futuro melhor e mais justo. Recomendo vivamente. – Cristina
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante