Autor: Diana de Cadaval
Ano de Publicação: 2010
Editora: Esfera dos Livros
Páginas: 208
ISBN: 9789896262303
Origem: Empréstimo
Diana de Cadaval traz-nos um retrato impressionante de D. Maria Pia, rainha de Portugal. Num romance escrito na primeira pessoa, ficamos a conhecer a trágica vida de uma princesa italiana feita rainha com apenas catorze anos.
Opinião: Por ocasião da leitura de D. Amélia, de Isabel Stilwell, fiquei com curiosidade sobre a Rainha que a antecedeu, e sua sogra, D. Maria Pia. Não tinha grandes expectativas quanto a este Eu, Maria Pia – confesso que mais por causa da autora do que outra coisa – mas como estava disponível na biblioteca e é um livro relativamente curto, pensei que não faria mal em tentar.
O livro, que a autora refere não pretender ser uma biografia de D. Maria Pia, mas a sua visão sobre a vida desta personagem, é contado na primeira pessoa pela protagonista dos acontecimentos, desde a sua infância em Itália, até ao noivado e casamento com tenra idade com o Rei de Portugal, D. Luís, passando pela maternidade, obras de caridade e excentricidades, e culminando com o Regicídio e o exílio de Portugal.
O livro está dividido por capítulos curtos, em que cada um deles aborda uma determinada fase da vida da Rainha; apesar de estas seguirem uma ordem cronológica, teria sido de valor colocar a data/ano a que se referem no início dos capítulos. É que tanto há capítulos cujos acontecimentos se seguem imediatamente, como outros em que decorrem anos entretanto – resta ao leitor tentar adivinhar ou fazer contas. A juntar a isto, os capítulos parecem desconexos, como se tivessem sido escritos um de cada vez e depois colocados no final uns a seguir aos outros: sabemos que pertencem à mesma história, mas nunca sentimos a necessária fluidez entre eles.
Depois, a contextualização histórica é muito fraca. Ocasionalmente, temos lampejos do modo de vida dos portugueses e do que ia acontecendo pela Europa fora, mas tudo é tratado de forma bastante superficial, quase como se por obrigação. Por fim, não senti qualquer empatia com D. Maria Pia. A autora tenta equilibrar o carácter excêntrico da Rainha com os desgostos amorosos e os seus feitos a nível de caridade, mas na minha opinião isso não foi bem conseguido – penso que faltou profundidade e desenvolvimento emocional à personagem. A escrita algo banal também não ajuda.
No final de contas, penso que o livro não funciona bem nem a nível de relato histórico, pela superficialidade com que é contextualizado, nem a nível de romance, pois as tentativas de criar empatia entre o leitor e a D. Maria Pia que aqui apresentada são infrutíferas. Valeu por ter ficado a conhecer alguns acontecimentos que marcaram a vida da Rainha, mas fora isso considero-o dispensável.
Classificação: 2/5 – OK