[Opinião] Jane Eyre, de Charlotte Brontë

Autor: Charlotte Brontë
Ano de Publicação: 1847
Editora: Penguin
Páginas: 447
ISBN: 9780140623253
Origem: Comprado

Sinopse: Born into a poor family and raised by an oppressive aunt, young Jane Eyre becomes the governess at Thornfield Manor to escape the confines of her life. There her fiery independence clashes with the brooding and mysterious nature of her employer, Mr. Rochester. But what begins as outright loathing slowly evolves into a passionate romance. When a terrible secret from Rochester’s past threatens to tear the two apart, Jane must make an impossible choice: Should she follow her heart or walk away and lose her love forever?

Opinião: Jane Eyre é um dos livros ingleses mais famosos do século XIX, fazendo parte da época de ouro dos romances vitorianos. Publicado em 1847, é o trabalho mais famoso de Charlotte Brontë e já foi adaptado inúmeras vezes ao cinema e à TV – nunca vi nenhuma. No seguimento da última adaptação cinematográfica, que estreia em Portugal no dia 21 de Abril (com Mia Wasikowska no papel de Jane Eyre), o Goodreads levou a cabo um desafio no qual decidi participar e que finalmente me deu alento a pegar finalmente numa edição inglesa deste livro que tinha comprado há uns tempos. A obra já faz parte do domínio público e pode ser obtida, por exemplo, aqui – intercalei, por isso, a leitura física com a leitura no Kindle, e esta segunda opção acabou por dar bastante jeito porque o aparelho traz dicionário incorporado e o texto contém várias palavras/expressões cujo significado desconhecia.

Jane Eyre é um relato na primeira pessoa da história desta personagem, uma jovem inglesa da primeira metade do século XIX. Logo no início do livro, percebemos que Jane nos está a contar a história algum tempo depois dos factos que irá relatar no livro, cujo início se situa na época em que Jane tinha 10 anos. Orfã, vivendo na casa da tia e dos primos, Jane maldiz a sua sorte: é constantemente agredida física e psicologicamente, rebaixada, oprimida e, pior do que tudo, não é amada. Quando surge a oportunidade de ingressar numa internato, Jane vê neste novo rumo uma forma de “recomeçar”, mas as privações teimam em não a abandonar. Decorridos algum tempo, já com 18 anos, Jane é contratada como governanta de Thornfield Hall, uma casa cujo proprietário é Mr. Rochester, um homem considerado unanimemente pouco atraente, com alterações frequentes de humor, mas ao mesmo tempo misterioso e bastante inteligente. É sem grande surpresa que vemos Jane apaixonar-se por ele, e a relação entre os dois acaba por ser o motor principal da história e um dos seus principais pontos de interesse. Claro que nem tudo é um mar de rosas e as duas personagens têm de passar por vários desafios antes de encontrar a felicidade.

Adorei a Jane. Uma mulher independente, insubmissa, determinada e crente nos seus princípios. Para além disso, bastante inteligente e com um desejo profundo de ser amada, resultado da privação desse sentimento que sentiu ao longo de toda a sua vida. É através dos seus olhos que conhecemos esta história, as suas personagens, os locais por onde passam, e as suas palavras são, na maioria do tempo, música para os nossos ouvidos. Charlotte Brontë escreve maravilhosamente bem, e empresta à sua Jane uma perspicácia na avaliação das outras personagens que inevitavelmente deliciam o leitor. Também a grande maioria dos diálogos são interessantes e muito bem construídos.

Mas o percurso da personagem principal não se faz só da descoberta do amor: é igualmente um espaço importante de reflexão quanto à moral, à questão das classes sociais, do papel da mulher na sociedade que nos é apresentada, e também da importância da religião. A história contém também alguns elementos da literatura gótica, que acabam por lhe dar outro “sabor”, do qual gostei particularmente.

De um modo geral, foi uma leitura que apreciei bastante. Confesso que a componente “romance” não me cativou tanto como em outros livros do mesmo género, e houve alguns momentos que considerei menos interessantes no desenvolvimento do enredo (especialmente na parte que se segue à descoberta do grande segredo de Rochester), mas isto trata-se apenas de uma questão de gosto pessoal. É um livro que recomendo absolutamente, um clássico que vale a pena. Há um tempo, li algures que normalmente as pessoas têm tendência a gostar mais de uma das irmãs Brontë: depois de ter lido O Monte dos Vendavais e Jane Eyre, a minha preferência vai sem dúvida para este segundo. 

Classificação: 4/5 – Gostei Bastante

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.