Autor: Albert Camus
Título Original: L’Etrangér (1942)
Editora: Livros do Brasil (Colecção Nobel)
Páginas: 128
ISBN: 9723827956
Tradutor: António Quadros
Origem: Comprado
Opinião: Albert Camus foi um escritor e filósofo franco-algeriano que venceu o Prémio Nobel da Literatura em 1957. De entre as suas obras mais conhecidas, O Estrangeiro é frequentemente citado como a obra-prima, o que foi o suficiente para a ter escolhido para a minha estreia neste autor. O Estrangeiro faz parte de um conjunto de três obras que Camus dedicou ao absurdismo, compostas também pelo ensaio filosófico O Mito de Sísifo e a peça de teatro Calígula.
A personagem principal deste livro é o algeriano Meursault. A narrativa encontra-se dividida em duas partes, contadas na primeira pessoa, uma antes e a outra depois do crime que marcará indelevelmente a vida de Mersault. Ao longo da primeira parte, tomamos contacto com esta estranha personagem. Indiferente, será talvez o adjectivo que melhor a descreve, porque é a indiferença que marca a sua relação com as outras pessoas: fica indiferente à morte da mãe, é indiferente para com a sua amante, é-lhe indiferente casar, com ela ou com qualquer outra mulher, e a prática de um crime parece ser para ele um acto como outro qualquer. É como que uma personagem amoral, que não segue nenhum código de conduta e vai deixando a sua vida prosseguir de acordo com as circunstâncias que se lhe apresentam. Não é fácil o leitor se identificar com esta personagem ou com as suas acções, mas o facto de conhecermos a história de acordo com a sua perspectiva faz com que percebamos melhor o seu mundo e, estranhamente, as coisas acabam por parecer naturais. E o tom da escrita, claro e directo, adequa-se na perfeição a esta personagem.
A segunda parte acaba por ser mais filosófica, na medida em que Mersault é (parece que pela primeira vez) confrontado com o significado da sua vida. É nesta altura que mais se nota a influência das várias correntes filosóficas no autor, especialmente o absurdismo, que se refere à tendência do ser humano em procurar o significado inerente da vida e a falta de habilidade para o conseguir.
A edição que tenho contém uma introdução de mais de 20 páginas, da autoria de Jean-Paul Sartre, amigo de Camus, na qual mergulha profundamente nos significados filosóficos da obra. Optei por lê-la no final e não me arrependo, pois com a obra lida, este texto acaba por ganhar outra significância e ajuda o leitor a compreender melhor o que leu.
No final, e apesar de ter apreciado bastante este livro, fico com a sensação que não tenho suficiente “arcaboiço” para compreender esta obra em toda a sua plenitude, apesar de ter feito pesquisa antes, depois e mesmo durante a sua leitura, o que certamente me ajudou a interpretá-la melhor. Diria que é um livro com vasto material de análise e a dar muito que pensar. A reler no futuro.
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante