Autor: Frank Ronan
Título Original: Dixie Chicken (1994)
Editora: Gradiva
Páginas: 176
ISBN: 9789726623717
Tradutor: Maria do Carmo Figueira
Origem: Empréstimo
Opinião: Até ter lido o post de Maria do Rosário Pedreira, no Horas Extraordinárias, nunca tinha ouvida falar do escritor irlandês Frank Ronan. O sucesso na década de 90, entretanto desvanecido com o passar do tempo, suscitou-me curiosidade suficiente para requisitar na biblioteca A Morte de um Herói, que é recomendado no post que referi.
A personagem principal deste livro, o tal Herói de nome Rory Dixon, morre logo nas primeiras páginas num acidente de automóvel, ao som da música Dixie Chicken, dos Little Feat. O narrador omnisciente desta história é o próprio Deus, que, partindo deste fatídico acontecimento, nos dá a conhecer a vida do seu preferido Rory e o impacto que a sua morte terá em todos aqueles que ele conheceu. Contudo, será que foi mesmo um acidente? A esposa de Rory, Helen, parece não acreditar, e algumas pistas indicam que provavelmente haviam várias pessoas interessada em acabar com a vida de Rory.
À medida que vamos avançando, vamos descobrindo que Rory afinal não era assim tão perfeito e que, apesar de exercer um fascínio quase inexplicável em todas as pessoas que conhecia e de granjear simpatias por onde passava, era um homem especialmente preocupado consigo próprio. O enredo está repleto de sexo (em várias variantes), drogas, corrupção, pensamentos suicidas, morte… Todo um rol de elementos perturbantes mas bastante intrínsecos ao ser humano. O “mistério” que rodeia a morte de Rory acaba por ser algo secundário no enredo, sendo o principal foco a dinâmica das relações entre as várias personagens e as características intrínsecas ao ser humano.
Gostei muito das partes em que Deus falava directamente ao leitor; aliás, julgo que foi mesmo o que mais gostei no livro. Apesar de Deus estar supostamente a contar-nos a história do seu peculiar ponto de vista, ele próprio é uma personagem. Acaba por desmistificar várias coisas que dizem respeito a Jesus Cristo ou a si próprio, por exemplo, em tiradas cheias de humor, e não são raras as vezes em que professa o seu amor pelos ateus. Deus tem uma atitude um pouco negligente quanto aos seus “filhos” e esta perspectiva distanciada acaba por não conferir às personagens a profundidade que gostaria que tivessem tido. Gostei da escrita, mas às vezes fiquei com a sensação que havia muitas coisas (demasiadas, até) a acontecer, sem grande consequência ou objectivo.
Não fiquei suficientemente impressionada com o livro para catalogar este autor como uma grande descoberta, mas o que li deixou-me curiosidade para pegar em mais qualquer coisa da autoria de Frank Ronan, até porque a maioria dos seus livros que saíram em Portugal estão disponíveis na biblioteca. Em breve, talvez.
Classificação: 3/5 – Gostei