Autor: George R.R. Martin
Título Original: Fevre Dream (1982)
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 385
ISBN: 9789896372750
Tradutor: Ana Mendes Lopes
Origem: Empréstimo
Opinião: George R.R. Martin é mais conhecido pelas suas fantásticas Crónicas de Gelo e Fogo, mas muito tempo antes de as publicar, já era autor de vários livros e ficção mais curta, entre eles este Sonho Febril, escrito no ano em que nasci e nomeado para o World Fantasy Award no ano seguinte.
Sonho Febril apresenta-se como uma história que apresenta uma mistura de elementos fantásticos, históricos e de terror. Se estão cansados dos livros de vampiros tão em voga actualmente, inseridos em histórias delico-doces dirigidas a adolescentes, então aqui está uma boa alternativa. Na segunda metade do século XIX, Abner Marsh é um dos homens que faz negócio com as viagens de barco no rio Mississípi. Depois de ter caído em desgraça com um acidente que envolveu alguns dos seus barcos, no presente apenas navega no ultrapassado Eli Reynolds, até que é abordado pelo misterioso Joshua York que lhe propõe uma parceria que incluirá construir um barco que fará frente aos mais modernos e rápidos barcos a navegar o Mississípi. Abner Marsh apenas não poderá fazer muitas perguntas… Ao mesmo tempo, vamos acompanhando também o dia-a-dia de Damon Julian, um vampiro muito antigo, que vive rodeado por outros vampiros e um humano que cuida de tudo durante o dia, enquanto aqueles dormem. Até que as histórias destes dois misteriosos homens se cruzam…
É um livro que se lê relativamente depressa, porque a história é interessante, os capítulos curtos e o interesse por saber qual o rumo da história raramente esmorece. Não me pareceu que estivesse à altura do que já li deste autor, e apesar de saber que a comparação é injusta não consegui evitar fazê-la, porque as Crónicas de Gelo e Fogo são marcantes e colocam, efectivamente, a fasquia muito alta. A voz do autor está aqui, ainda um pouco em bruto, mas tendo em atenção que foi um dos seus primeiros livros penso que o resultado acaba por ser muito bom. Mas a verdade é que não senti tanta empatia com as personagens principais como esperaria sentir, talvez com excepção de Joshua York.
Em termos contextuais, Martin faz um trabalho excelente na criação dos tempos de glória dos barcos a vapor e do ambiente de competição que na altura reinava, para além de fazer, aqui e ali, referências ao tema da escravatura. E dá-nos, também, uma visão refrescante sobre a mitologia vampírica, um pouco longe daquilo que Bram Stoker transformou no cânone vampírico com a publicação de Drácula, mas igualmente interessante.
De um modo geral, foi uma leitura que me agradou mas que foi claramente condicionada pela comparação com sentimentos que outras histórias do autor despertaram em mim. Ainda assim, é um livro recomendado.
Classificação: 3/5 – Gostei