Autor: Markus Zusak
Título Original: The Book Thief (2005)
Editora: Editorial Presença
Páginas: 463
ISBN: 9789722339070
Tradutor: Manuela Madureira
Origem: Comprado
Opinião: Se parto para um livro com demasiadas expectativas, normalmente saio desiludida. Felizmente, neste caso, apenas a primeira parte da regra se confirmou, porque de facto este é um livro que não vou esquecer durante muito tempo.
O cenário desta história é uma pequena localidade alemã em plena 2.ª Guerra Mundial. A protagonista é a pequena Liesel Meminger. A narradora é a Morte. A Morte traz até nós a história de Liesel, da sua família, das suas alegrias, tristezas e privações. Houve muitas coisas que gostei neste livro, mas este aspecto foi talvez o que mais me cativou. É uma voz peculiar, amiúde irónica e impessoal, mas outras tantas vezes emocionante e terna. Não deixa também de ser uma escolha interessante, tendo em conta que a morte é precisamente algo que sempre nos vem à memória quando nos lembramos deste conflito.
Liesel é uma criança especial. Aos 11 anos, o seu irmão mais novo morre e a mãe deixa-a com um casal que acolhe crianças, Hans e Rosa Hubermann. Apesar das dificuldades iniciais de adaptação e da relação mais difícil com Rosa, Liesel cria laços fortes com os dois, especialmente com Hans. A adaptação de Liesel é também facilitada pelo amor que descobre ter às palavras e aos livros, onde elas se entrelaçam para criar mundos mágicos nos quais Liesel gostaria de viver. Liesel rouba livros, mas não é algo patológico: a ânsia de aprender, de esquecer as dificuldades, e a impossibilidade que tem de os obter de outra forma, levam a jovem a ficar com livros que não lhe pertencem, resgatando-os de uma fogueira ou da biblioteca esquecida de pessoas que dão trabalho à sua mãe.
Ao mesmo tempo que acompanhamos o dia-a-dia de Liesel, Markus Zusak vai subtilmente complementando a história com uma galeria de personagens secundárias reais e bem desenvolvidas e com o contexto de privação, medo e opressão que então se vivia. Há momentos no livro em que pouco parece acontecer, o que de certo modo acaba por quebrar o ritmo da história, mas depois somos largamente recompensados com momentos de partir o coração e que dificilmente deixarão alguém indiferente – lembro-me, por exemplo, das marchas dos judeus.
Pela originalidade da voz narrativa, a envolvência da escrita de Markus Zusak, as personagens memoráveis e os momentos marcantes do enredo e pelas reflexões que traz ao leitor no que respeita à importância das palavras e aos extremos a que o ser humano pode chegar, este é um livro que recomendo sem quaisquer reservas.
Classificação: 5/5 – Adorei