[Opinião] A Dança das Borboletas, de Poppy Adams

Autor: Poppy Adams
Título Original: The Behaviour of Moths (2008)
Editora: Porto Editora
Páginas: 320
ISBN: 9789720045034
Tradutor: Victor Cabral
Origem: Empréstimo

Sinopse: Assomando à janela do primeiro andar da mansão degradada que em tempos fora a sua idílica casa de família, Ginny aguarda ansiosamente a chegada da irmã, que partiu há quarenta e sete anos e nunca mais voltou. Especialista em borboletas, Ginny leva uma vida de reclusão, com medo de se aventurar no mundo exterior.
Com o regresso de Vivien, os segredos que provocaram a separação das duas irmãs irão perturbar o quotidiano de Ginny muito para além das rotinas precisas que lhe definem os dias.
Das suas infâncias, apenas o sótão da casa permanece inalterado, com as suas paredes revestidas com mostruários de borboletas cuidadosamente preservadas ao longo de várias gerações.
Narrado pela voz inesquecível de Ginny, este brilhante romance de estreia descreve-nos o que as famílias são capazes de fazer – especialmente em nome do amor.

Opinião: Ao ler a sinopse deste livro e algumas opiniões, tive a sensação que seria uma leitura do meu agrado. Apesar disso, optei por trazê-lo da biblioteca em vez de o comprar, o que se veio a revelar uma boa opção.

A história é-nos narrada na primeira pessoa pela voz de Ginny, uma peculiar mulher de idade avançada, que vive sozinha numa casa enorme, com as recordações da sua família e do tempo em que era lepidóptera (estudava o comportamento das traças e não das borboletas, como o título e a sinopse dão a entender). Depois de 47 anos sem ver a sua irmã, Vivien decide subitamente regressar à casa da sua infância, por motivos desconhecidos.

O livro encontra-se dividido em 5 partes, cada uma delas descrevendo os acontecimentos de um dia diferente, a partir da chegada de Vivien. Assistimos ao encontro entre as duas irmãs e à torrente inevitável de recordações que este traz consigo. Na verdade, ao longo do livro, é mais o tempo de antena dedicado a acontecimentos passados do que propriamente ao desenrolar da renovada convivência entre as irmãs. Esses acontecimentos passados encerram muitas explicações quanto ao estado futuro das coisas e o ritmo a que são revelados permitem que o leitor se vá mantendo interessado à medida que o livro avança.

Ginny, como já referi, é uma personagem muito peculiar. Nunca chegamos bem a perceber se sofre de alguma deficiência, mas sem dúvida que, desde criança, sempre foi uma pessoa diferente. Ginny é obcecada com a organização, com o tempo (tem de ter sempre, no mínimo, um relógio por perto) e com lacunas sérias no que respeita à interacção social. Pelas características, lembrei-me que pudesse sofrer da síndrome de Asperger, mas isso nunca é referido. É verdade que, a partir de determinada altura, o leitor começa a questionar se os acontecimentos não estarão enviesados pela forma especial como Ginny olha para o mundo e o que a rodeia. Apesar de ser uma personagem com grande potencial para tornar este livro interessante, a verdade é que nunca me cativou, e só esporadicamente senti alguma empatia com esta personagem e os seus dilemas. O que acho que foi bem conseguido foi a paixão da personagem pela sua profissão, e detalhes sobre o dia-a-dia dos lepidópteros não faltam.

Poppy Adams tem bons momentos de escrita e consegue construir uma história com vários pontos de interesse, mas as personagens principais deixaram-me, na grande maioria das vezes, indiferente. Apesar disso, acho que foi uma leitura interessante e deixou as portas abertas ao desejo de ler mais qualquer coisa desta autora. 

Classificação: 3/5 – Gostei

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.