Autor: Carlos María Domínguez
Título Original: La Casa de Papel (2002)
Editora: ASA
Páginas: 78
ISBN: 9789724145402
Tradutor: Henrique Tavares e Castro
Origem: Empréstimo
Opinião: Ia eu toda lançada começar a leitura de Bibliotecas cheias de fantasmas, de Jacques Bonnet, quando me sugeriram que, pelas referências que por lá aparecem a A Casa de Papel, pegasse primeiro neste pequeno livro do escritor argentino Carlos María Domínguez. Felizmente, estava um exemplar disponível na biblioteca que frequento e, por isso, trouxe-o comigo.
A Casa de Papel é, como já referi, um livro pequeno, que se lê num par de horas. É escrito por amor aos livros, para quem gosta deles e de ler sobre eles, cheio de citações que apetece guardar. A narrativa começa quando Bluma Lennon, professora em Cambridge, é atropelada enquanto lia um livro de poemas de Emily Dickinson. O seu substituto, e narrador desta história, recebe pelo correio uma misteriosa encomenda vinda de Buenos Aires e endereçada a Bluma, que contém dentro de si o livro A Linha da Sombra, de Joseph Conrad, repleto de vestígios de cimento. O nosso narrador parte então para Buenos Aires, em busca do dono do livro e, acima de tudo, ansioso por descobrir o mistério que o rodeia. Não me vou alongar mais na descrição das linhas gerais do enredo, porque fazê-lo seria estragar o prazer de descobrir um dos seus desenvolvimento mais interessantes.
É um livro que fala sobre bibliofilia e sobre os limites a que a paixão pelos livros pode levar um ser humano. Os livros são aqui descritos como objectos com vida própria, podendo influenciar decisivamente a vida dos seus donos. Está muito bem escrito e é muito fácil deixarmo-nos embalar pela melodia das suas palavras. Uma pequena delícia e, no final, só fica a pena por ter terminado tão depressa.
[…] um leitor é um viajante através de uma paisagem que se foi fazendo. E é infinita. A árvore foi escrita, e a pedra, e o vento na ramaria, a saudade dessas ramagens e o amor ao qual emprestou a sua sombra. E não encontro melhor sina que percorrer, em poucas horas diárias, um tempo humano que, de outro modo, me seria alheio. Não chega uma vida para percorrê-lo. Roubo a Borges metade de uma frase: uma biblioteca é uma porta no tempo.
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante