Autor: Isabel Stilwell
Editora: Esfera dos Livros
Páginas: 554
ISBN: 9789896262075
Origem: Comprado
Opinião: Gosto muito de romances históricos, pela oportunidade de conhecer o passado e perceber como influenciou o presente. Não consigo referir épocas sobre as quais goste de ler em particular, porque gosto de várias, mas agradam-me livros que abordem a sociedade e a monarquia portuguesa de outrora. Desta autora, já tinha lido o D. Filipa de Lencastre, que não me convenceu por aí além; decidi ler este lançamento recente para tirar as teimas.
O livro encontra-se dividido em três partes: na primeira, acompanhamos a vida da jovem Amélia, filha do pretendente ao trono francês, e a agrura da família Orleães com o exílio; a segunda parte cobre o período de tempo entre o casamento de Amélia com D. Carlos e o regicídio; a terceira parte, contada na primeira pessoa, recupera a viagem a Portugal que Amélia fez na década de 1940, na qual visitou os túmulos do marido e dos filhos.
Escrito em capítulos curtos, que convidam a uma leitura rápida, D. Amélia inclui alguns aspectos ficcionados, nomeadamente a nível de diálogos, mas a grande base de suporte é verídica, aproximando-se de uma verdadeira biografia, para a qual contribuem textos escritos pela mão de D. Amélia e provenientes da sua correspondência pessoal. É bastante centrado na Rainha, como seria de esperar, mas não tanto como no livro anterior que li da mesma autora, porque aqui a autora refere alguns detalhes contextuais interessantes, em especial sobre estado de outras monarquias europeias, algumas delas, à semelhança da portuguesa, ameaçadas por ideais republicanos.
Tive alguma pena de não ter lido em mais detalhe sobre o trabalho de caridade levado a cabo por D. Amélia enquanto Rainha de Portugal, sendo este seu lado apenas abordado de forma algo superficial. O que é abordado em grande detalhe é a relação entre os Reis, com as constantes infidelidades de D. Carlos a marcarem posição de relevo na história, bem como a paixão de D. Amélia pelos filhos, em especial por Luís.
Para mim, a parte mais emocionante do livro foi a última, que descreve o regresso de D. Amélia a Portugal, já com 80 anos. O facto de ser relatada na primeira pessoa ajudou-me a sentir mais próxima da “personagem” e os próprios sentimentos presentes convidavam a que fosse um relato emocionante. Acho que o livro tinha ganho se tivesse sido todo contado na primeira pessoa, porque o tinha transformado em algo mais pessoal e menos aproximado de um relato biográfico, ajudando a cativar o leitor que pretende ler um retrato ficcionado mas historicamente fiel de um pedaço da história do seu país. Ainda assim, é um livro valioso pela riqueza histórica e que recomendo a quem se interessar pela vida das pessoas que marcaram a monarquia portuguesa.
Classificação: 3/5 – Gostei