[Opinião] A Ilha, de Giani Stuparich

Autor: Giani Stuparich
Título Original: L’Isola (1942)
Editora: Ahab
Páginas: 79
ISBN: 9789899634022
Tradutor: Margarida Periquito
Origem: Empréstimo

Sinopse: Um homem doente pede a seu filho que abandone por uns dias as montanhas em que passa o Verão e o acompanhe, talvez pela última vez, à ilha adriática em que nasceu. O reencontro com essa paisagem luminosa, repleta de recordações, é decisivo para ambos. Um descobrirá o que significa deixar descendência; o outro enfrentará o sentido da perda. O estilo elegante e contido desta narrativa, publicada pela primeira vez em 1942, converte-a na obra-prima de Giani Stuparich. Ilha é, nas palavras de Claudio Magris, um “admirável conto de vida e de morte, não exorcizada, mas sim encarada impiedosamente de frente”.

Opinião: Começo esta opinião por referir que admiro imenso o aspecto exterior dos livros da Ahab. Quando surgiram os primeiros livros desta editora, referi aqui a originalidade das capas, característica essa que se manteve em edições posteriores. Outro aspecto que me agrada bastante é a referência ao nome do tradutor na capa. Gostando tanto da imagem dos livros, restava-me experimentar o seu conteúdo, e trouxe A Ilha da biblioteca com essa finalidade.

A Ilha é um conto de cerca de 50 páginas, que narra a viagem de um pai e de um filho à terra natal do primeiro, que se encontra na fase terminal de um cancro no esófago. O pai deseja voltar à ilha depois de muito tempo, juntamente com o seu filho, para recordar os momentos felizes que lá viveu. O filho, consumido pela tristeza e angústia da perda que o espera, acompanha o pai para lhe proporcionar este último consolo.

A narrativa vai alternando entre as perspectivas dos dois: o pai é assaltado por uma mistura entre conformidade e esperança; o filho encara a impotência que advém de saber que vai perder alguém que ama e nada poder fazer para o impedir.  É um relato que muito dificilmente deixa o leitor indiferente, por tocar, sem subtilezas mas de uma forma graciosa, no medo que o ser humano tem da morte. A tudo isto se junta uma escrita clara, pontuada por belas descrições das paisagens que rodeiam as personagens.

A acompanhar o conto, o livro traz ainda dois textos: o primeiro, de Claudio Magris, traça um retrato do contexto em que o autor escreveu esta história, especialmente a nível literário. O texto de Elvio Guagnini ajuda o leitor a perceber os objectivos e motivações do autor e é uma interpretação valiosa a esta bela história. Entre outros aspectos interessantes, Guagnini refere que este conto parece um capítulo de uma história maior, mas o seu conteúdo é suficiente para funcionar isolado.

É uma história que emociona quem a lê, especialmente se fizer ressoar algum pedaço da realidade. Muito bom. 

Classificação: 4/5 – Gostei Bastante

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.