[Opinião] Sempre Vivemos no Castelo, de Shirley Jackson

Autor: Shirley Jackson
Título Original: We Have Always Lived in the Castle (1962)
Editora: Cavalo de Ferro
Páginas: 208
ISBN: 9789896231194
Tradutor: Maria João Freire de Andrade
Origem: Comprado

Sinopse: «Chamo-me Mary Katherine Blackwood. Tenho dezoito anos e vivo com a minha irmã Constance. É frequente pensar que se tivesse tido um pouco de sorte poderia ter nascido lobisomem, porque o anular e o dedo médio das minhas mãos têm o mesmo comprimento, mas tive de me contentar com aquilo que tenho. Não gosto de me lavar, nem de cães ou barulho. Gosto da minha irmã Constance, de Ricardo Coração de Leão e do Amanita phalloides, o cogumelo da morte. Todas as outras pessoas da minha família estão mortas.» Assim inicia Shirley Jackson o seu último romance, de 1962, considerado pela crítica uma das obras-primas da literatura norte-americana. Neste, atinge o auge a sua perícia narrativa de tornar real ao leitor um mundo inverosímil, conseguindo ao mesmo tempo convencê-lo de que a loucura e o mal habitam os cenários mais comuns.

Opinião: A sinopse que transcrevi acima, o facto de ser referenciado como um dos melhores livros americanos e algumas opiniões que li foram o suficiente para suscitar a minha curiosidade e levar-me a adquirir este livro na última Feira do Livro de Lisboa.

A história é-nos contada na primeira pessoa por Mary Katherine Blackwood (ou Merricat), que vive com a irmã Constance e o tio Julian perto de uma pequena comunidade rural americana. Os habitantes da vila ostracizam a família Blackwood, que consideram uma família estranha, especialmente após só terem restado estes três elementos quando os restantes foram envenenados como resultado de alguém ter colocado arsénico no açúcar que consumiram. Julian sobreviveu, mas ficou inválido e com muitas mazelas psicológicas; nem Merricat nem Constance chegaram a consumir o dito açúcar.

Merricat tem uma visão muito particular do mundo e das pessoas, e apesar dos seus 18 anos tem comportamentos de alguém com metade da idade. Enterra coisas na propriedade dos Blackwood, vê superstição no mais vulgar dos objectos, fala com o seu gato Jonas e dorme frequentemente num esconderijo que tem na floresta, a que chama “lua”. É durante as divagações de Merricat que se encontram os pontos altos do livro, na minha opinião, quando nos apercebemos da forma peculiar como entende o mundo que a rodeia. O enredo basicamente acompanha a vida dos membros restantes da família Blackwood numa altura em que a sua vida é alterada pela chegada do primo Charles Blackwood e de todos os acontecimentos que daí advêm.

Este é um livro que tem agradado a inúmeros leitores e críticos literários pelo mundo, sobre o qual consigo reconhecer várias qualidades, mas que pura e simplesmente não me cativou. Está bem escrito, a autora consegue criar um ambiente estranho e sinistro de uma forma quase soberba, mas nunca me cheguei a importar verdadeiramente com o destino das personagens principais; o livro não me absorveu e senti-me quase sempre como uma mera espectadora. Já para não dizer que descobri o mistério central cedo demais, o que diminuiu grandemente o impacto que teve a sua revelação.

Resumindo: esperei gostar muito mais deste livro do que na realidade gostei, o que é uma pena. Acontece. 

Classificação: 2/5 – OK

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.