Autor: Sándor Márai
Título Original: A gyertyák csonkig égnek (1942)
Editora: Dom Quixote
Páginas: 153
ISBN: 9789722020626
Tradutor: Mária Magdolna Demeter
Origem: Comprado
Opinião: Este pequeno livro do autor húngaro tem tido grande sucesso em Portugal desde que foi publicado, em 2001. Do mesmo autor, este ano já tinha lido A Herança de Eszter, que me deixou bem impressionada, por isso decidi pegar neste para confirmar (ou não) essa impressão.
Já que falei no outro livro que li do autor, são curiosas algumas semelhanças: a personagem principal recebe uma carta de alguém que não vê há muitos anos, carta essa que se transforma no elemento que despoleta uma série de recordações sobre o passado. Neste caso, um velho general que vive num castelo na Hungria recôndita vê-se perante a perspectiva do regresso de um amigo de longa data, quando recebe uma carta deste avisando-o de uma visita em breve.
O primeiro terço do livro apresenta-nos as memórias do general em relação à sua família e a Konrad, o tal amigo, bem como de alguns acontecimentos que decorreram antes da sua súbita partida deste último, 41 anos antes. O resto do livro decorre após o reencontro e consiste, basicamente, num monólogo do general, em que este discorre sobre tudo o que aconteceu entre os dois e as suas interpretações e sentimentos em relação à amizade de ambos.
Tal como já me tinha apercebido no livro anterior, Sándor Márai tem uma escrita limpa, que embala o leitor. Aqui, achei-a mais profunda e cativante. Apesar de pouco ou nada acontecer neste livro, somos levados a reflectir sobre o valor da amizade, a solidão e a ambiguidade das nossas interpretações face aos acontecimentos que vão (des)construindo a nossa vida. Por vezes, parece um pouco monótono, para o que não contribui o facto de apenas estarmos a “ouvir” um dos lados da barricada, mas gostei muito, mas mesmo muito, da forma como o autor nos faz pensar na nossa própria vida e no relacionamento com os outros. Existem tantas passagens citáveis que é quase impossível escolher só uma.
Termino dizendo que é um livro cuja leitura se adequa melhor a um determinado estado de espírito, e se este for encontrado, pode tornar-se no livro perfeito.
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante