Autor: William Golding
Título Original: Lord of the Flies (1954)
Editora: Colecção Mil Folhas
Páginas: 222
ISBN: 8481305065
Tradutor: Luís de Sousa Rebelo
Origem: Comprado
Opinião: O Deus das Moscas foi o primeiro livro do Prémio Nobel William Golding e é, até hoje, a sua obra mais conhecida. Foi com grande curiosidade que iniciei esta leitura, principalmente devido às boas recomendações que trazia consigo.
O início da história leva-nos a uma ilha deserta no meio do Pacífico, onde se encontra um grupo de rapazes/crianças que conseguiram sobreviver a um desastre de avião. Pouco nos é dito acerca do mundo exterior, para além de uma subtil alusão a uma guerra nuclear, pelo que o enredo decorre na sua totalidade na ilha e acompanha as tentativas empreendidas pelo grupo para organizar a sua sobrevivência e tentar viver em comunidade. Rafael ocupa o lugar de chefe, várias vezes auxiliado pelo Bucha, mas depressa o frágil equilíbrio se quebra quando Jack Merridew começa a querer ganhar destaque no grupo e liderá-lo.
Antes de começar o livro, e depois de ler a sinopse, não pude deixar de me interrogar sobre o que seria, afinal, o Deus das Moscas. No decorrer da história, este é-nos apresentado sob a forma da cabeça de uma porca que o grupo mata para se alimentar e que é colocada numa estaca como suposta oferenda a uma besta que povoava a ilha. Alguma pesquisa revelou-me que esta cabeça, outrora de um animal carinhoso e inocente, que se torna num “objecto” horrível e representativo do medo, foi uma forma que o autor encontrou para simbolizar a transformação pela qual os rapazes passam a partir do momento em que chegam à ilha.
Com marcado carácter alegórico, este livro trata, sobretudo, da condição humana e do que significa viver em sociedade. Deixa o leitor intrigado perante a reacção de um ser humano quando se encontra nos extremos e aborda os conflitos latentes entre a sua individualidade e a necessidade de conviver com outros seres humanos… E como, desse equilíbrio, por vezes precário, o ser humano tem vindo a desenvolver as suas aptidões sociais. A opção que o autor tomou em tratar estes temas através de um grupo de crianças torna a história profundamente inquietante e, muitas vezes, assustadora.
A história fica connosco e é impossível não nos sentirmos perturbados por ela. Percebe-se facilmente o culto em volta deste livro e porque é alvo de tantos elogios; é, sem dúvida, um livro a ler.
Uma nota final em relação a esta tradução: pareceu-me bastante competente, mas pessoalmente, não gosto de ver nomes próprios traduzidos.
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante