Autor: Ian McEwan
Título Original: Solar (2010)
Editora: Gradiva
Páginas: 340
ISBN: 9789896163594
Tradutor: Ana Falcão Bastos
Origem: Comprado
Quando os mundos profissional e pessoal de Michael colidem inesperadamente, conjugam-se as almejadas oportunidades de fugir da confusão conjugal, revitalizar a carreira e salvar o mundo da destruição ambiental.
Opinião: Depois de ter lido Expiação, deste escritor, e de ter simplesmente adorado o livro, Ian McEwan foi um autor a que sempre tive vontade de voltar, para confirmar (ou não) o incrível talento como escritor e contador de histórias. Também tenho Sábado por ler, mas tinha comprado este Solar há pouco tempo e apeteceu-me pegar-lhe.
O livro divide-se em três partes, que decorrem em 2000, 2005 e 2009. Todas elas têm em comum a personagem central, um Prémio Nobel da Física, que no início do enredo se depara com a perspectiva de ver arruinado o seu quinto casamento. A sua mulher Patrice, cerca de 20 anos mais nova, cansou-se dos casos extra-conjugais de Michael e decide, ela própria, ter um caso. No entanto, e apesar de ter traído a mulher diversas vezes, Michael percebe que gosta da mulher e sente-se magoado com a situação. Nas duas partes seguintes, continuamos a acompanhar a vida pessoal de Michael, com a instabilidade que a personagem lhe confere. No meio desta turbulência, Michael vê-se envolvido em diversas pesquisas/investigações com vista a promover o uso da energia solar, partindo daí o título do livro.
Para mim, este livro foi uma desilusão. Foi com pena que a vi a grande capacidade que Ian McEwan tem para a escrita empregue num livro com uma personagem principal tão desinteressante e que gera tão pouca empatia, e com um enredo tão fraco. Michael é um homem que parece já ter alcançado tudo e que faz alguns fretes (palestras e conferências) para manter o nível de vida desejado. Já não tem paixão pelo estudo e pela investigação que o levou ao Nobel e parece cair de pára-quedas na pesquisa para aproveitamento de energias alternativas, em que embarca nem ele sabe porquê, roubando ideias de terceiros. É um absoluto desastre no respeito pelo sexo oposto e, se o leitor espera ver algum tipo de evolução positiva na sua vida pessoal ou personalidade, cedo percebe que não passa de uma utopia. Acredito que esta personagem foi propositadamente caracterizada deste modo, mas três quartos do livro com divagações sobre a sua vida amorosa (ou falta dela) e sobre o seu aborrecimento em relação a tudo e todos de um modo geral acabam por enfastiar o leitor e criam o desejo de que o livro acabe rapidamente.
No meio do texto, é possível vislumbrar alguns momentos de brilhantismo na escrita de Ian McEwan e é inegável o interesse e a pertinência das questões climáticas e das energias alternativas, mas fora isso e alguns momentos de humor bem conseguidos, pouco fica.
Classificação: 2/5 – OK