[Opinião] As Serviçais, de Kathryn Stockett

Autor: Kathryn Stockett
Título Original: The Help (2009)
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 464
ISBN: 9789896372545
Tradutor: Fernanda Semedo
Origem: Recebido para crítica

Sinopse: Skeeter tem vinte e dois anos e acabou de regressar da universidade a Jackson, Mississippi. Mas estamos em 1962, e a sua mãe só irá descansar quando a filha tiver uma aliança no dedo.
Aibileen é uma criada negra, uma mulher sábia que viu crescer dezassete crianças. Quando o seu próprio filho morre num acidente, algo se quebra dentro dela. Minny, a melhor amiga de Aibileen, é provavelmente a mulher com a língua mais afiada do Mississippi. Cozinha divinamente, mas tem sérias dificuldades em manter o emprego… até ao momento em que encontra uma senhora nova na cidade.
Estas três personagens extraordinárias irão cruzar-se e iniciar um projecto que mudará a sua cidade e as vidas de todas as mulheres, criadas e senhoras, que habitam Jackson. São as suas vozes que nos contam esta história inesquecível cheia de humor, esperança e tristeza.
Uma história que conquistou a América e está a conquistar o mundo.

Opinião: Desde que saiu no ano passado, e devido às excelentes críticas que entretanto fui lendo por essa internet fora, este foi um livro sobre o qual criei elevadas expectativas e que esperava ler mais tarde ou mais cedo. Fiquei bastante contente quando soube que a Saída de Emergência iria publicá-lo e foi com grande curiosidade que iniciei esta leitura.

Kathryn Stockett estreou-se como escritora com este livro, cujo enredo decorre nos anos 60 em Jackson, no Mississípi, Sul dos Estados Unidos, numa altura em que a segregação racial já começava a ser contestada, mas ainda prevalecia neste estado americano em particular. Como refere nas notas finais deste livro, a autora, também ela oriunda de Jackson, decidiu contar uma história decorrida nessa época sensível e violenta que vivenciou enquanto criança, ela própria praticamente criada por uma criada negra.

A história é-nos contada a três vozes: Aibeleen e Minny, duas criadas negras, e Skeeter, uma jovem branca. Aibellen tem especial jeito para crianças e é notório o carinho que dedica à pequena Mae Mobley, filha da sua mais recente senhora. Minny é uma mulher impetuosa, que diz o que pensa e que arranja constantemente problemas devido a isso – no início da história, encontra-se desempregada mas surge-lhe uma oportunidade de emprego, para servir uma senhora muito peculiar. Skeeter é uma jovem desenquadrada no meio em que se insere: alta, magra e sem ser considerada uma beleza, acalenta o sonho de um dia se tornar escritora. Para além de tudo isso, sente-se muitas vezes incomodada com a forma como o seu círculo de “amizades” trata as empregadas e com a naturalidade com que a discriminação é encarada.

Alternando constantemente entre estas três personagens, Kathryn Stockett conta-nos como estas mulheres juntam esforços para tentar mudar algo em mentalidades que hoje nos parecem tão distantes e absurdas. As pessoas de cor eram consideradas inferiores em todos os aspectos, não podiam frequentar os mesmos sítios dos brancos e eram constantemente rebaixadas por quem os empregava e por quem tinha poder político. No entanto, e apesar de temporalmente esta história decorrer nessa época e de nos depararmos com factos quase inacreditáveis, o seu foco principal não é a componente histórica mas sim as pessoas que acompanha, as suas vidas, a sua esperança. Porque, no meio de tanta discriminação, surgem relatos de humanidade, de amizade e de amor entre as pessoas, independentemente da sua cor ou de preconceitos da sociedade. Agradou-me bastante esta perspectiva de não focar apenas o aspecto negativo das coisas.

Com momentos emocionantes, alguns mesmo de fazer chegar as lágrimas aos olhos, de dramáticos ou ternurentos, este é um livro que vale a pena ler, porque nos faz reflectir sobre o que de pior e melhor tem o ser humano. E também nos faz acreditar que podemos mudar as coisas, por mais pequeno que seja o gesto. Apesar de não ser nenhuma obra-prima de escrita ou de originalidade, é daqueles livros que ficam connosco bastante tempo depois de termos voltado a última página. Recomendo! 

Classificação: 4/5 – Gostei Bastante

Livro n.º 85 de 2010

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.