Autor: Javier González
Título Original: Navigatio (2009)
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 320
ISBN: 9789896372095
Tradutor: Sónia Rodrigues
Origem: Recebido para crítica
Nas ruínas da Igreja de uma pacata vila, descobrem-se três objectos que haviam sido emparedados, talvez para nunca mais serem encontrados: Uma pena, os restos mortais de um monge, e um manuscrito de nome Navigatio. Alejandra, uma bela médica forense encarregada da autópsia dos restos mortais do monge, e o historiador Sebastian Cameron, ver-se-ão envolvidos numa investigação complexa e que pode mudar as suas vidas, a nossa história, e o conceito que temos do tempo. Mas terão que repetir a lendária viagem que os monges realizaram há 1500 anos, e descobrir que no meio do Oceano Atlântico, por trás da névoa, se escondem as respostas há muitos séculos esquecidas pelo homem. Na Ilha do Final do Tempo.
Opinião: Durante umas obras na igreja da vila espanhola Castilla, são encontrados emparedados os restos mortais de um monge, juntamente com uma pena e um fio de cabelo, para além de um manuscrito Navigatio. Uma das pessoas envolvidas na análise destes estranhos acontecimentos é uma ex-aluna do historiador americano Sebastian Cameron, o qual, a coberto de ir fazer pesquisa a Espanha para o próximo filme da série Piratas das Caraíbas, aproveita algum do tempo livre para investigar este caso que bastante o intriga.
O estudo do cadáver mumificado e dos objectos que o acompanhavam permite a descoberta de alguns detalhes relevantes que podem explicar a sua presença na igreja (segundo se supõe desde os anos 30 do século XX), para além de colocarem Cameron no caminho da médica forense Alejandra e da jovem Lola, uma estudante de história que se encontra a desenvolver a sua tese sobre a mítica ilha de San Borondón. Enquanto estava a ler o livro, fiz uma breve pesquisa e descobri que esta ilha não era invenção do autor: San Borondón seria a oitava ilha das Canárias, conhecida por aparecer e desaparecer atrás de névoas, deixando toda a gente na dúvida sobre a sua existência e dando origem a várias expedições navais ao longo dos séculos, na senda da sua descoberta. Apesar de aparecer em alguns mapas, desde o século XIII, a sua existência é, obviamente, uma lenda. Javier González pega nesta lenda e alimenta o seu carácter misterioso, atribuindo-lhes características muito peculiares que não detalharei para não desvendar muito da história, mas que a tornavam num autêntico Paraíso na Terra.
O livro acaba por misturar elementos históricos, de thriller e de ficção científica, que se juntam a uma escrita prática e fluida e a um enredo que promete. De facto, é um livro que se lê muito bem do princípio ao fim e que apresenta ao leitor uma grande variedade de pontos de interesse, especialmente a nível histórico, que não permitem que a leitura se torne aborrecida. Proporciona também reflexões interessantes sobre a possibilidade de viajar no tempo, tema profusamente tratado na literatura, mas também noutras formas de arte.
Como pontos menos bons neste livro, por vezes tive a sensação que a narrativa se dispersa um pouco e pareceu-me que peca na interligação de todos os vários fios narrativos do livro. O desenvolvimento das personagens também não é grande, mas num livro deste género penso ser normal isso acontecer, focando-se a narrativa na descrição dos acontecimentos na qual se centra.
De uma forma geral, foi um livro que me agradou, apesar de não ter sido uma leitura particularmente marcante.
Classificação: 3/5 – Gostei
Livro n.º 73 de 2010