Autor: Katherine Howe
Título Original: The Physick Book of Deliverance Dane (2009)
Editora: Planeta
Páginas: 408
ISBN: 9789896570781
Tradutor: António Carlos Carvalho
Origem: Recebido para crítica
Opinião: No início da última década do séc. XX, a jovem Connie Goodwin faz um exame oral de admissão para poder elaborar a sua tese de doutoramento. Depois de passar com distinção e de se estar a preparar para aproveitar as férias e libertar-se do stress acumulado, Connie recebe um telefonema da mãe a pedir-lhe que vá à casa da sua falecida avó e a torne apresentável para a mesma poder ser vendida. Mas a velha casa está em muito piores condições do que Connie poderia imaginar e a tarefa que tem pela frente parece-lhe complicada.
Na primeira incursão pela biblioteca da casa, Connie pega numa Bíblia ao acaso e lá dentro encontra uma chave enrolada num velho papel com o nome Deliverance Dane. Intrigada com o nome, Connie decide começar a pesquisar em registos e bibliotecas antigas para descobrir quem foi esta mulher. Rapidamente, Connie descobre que Deliverance esteve ligada aos julgamentos por feitiçaria em Salem, no final do séc. XVII, e que tinha na sua posse um aparentemente valioso Livro de Feitiços, cuja descoberta passa a ser o motor principal que move os passos da personagem principal.
Os capítulos dedicados à demanda de Connie são intercalados com momentos da vida de Deliverance Dane e com os acontecimentos que a envolveram nos julgamentos de Salem. Esta linha temporal não é linear, levando o leitor acompanhar ora Deliverance, ora as suas descendentes, de acordo com a evolução das descobertas de Connie, sendo os últimos capítulos desta parte do livro dedicados aos julgamentos por feitiçaria que decorreram em 1692.
Connie é acompanhada principalmente por 3 personagens nesta sua pesquisa: Sam, um simpático conservador de campanários de igrejas, que cedo percebemos que se irá tornar no seu interesse romântico; pelo orientador de Connie, que vê no Livro de Feitiços uma boa oportunidade para a tese da sua aluna, deixando sempre a sensação que tem segundas intenções; e pela sua mãe, Grace, sempre de longe, uma personagem que parece meio aérea, mas que vai sempre dando dicas que levam o leitor a pensar que sabe mais do que parece. A relação de Connie com estas três personagens ilustra bem a quase ausência de imprevisibilidade que encontramos neste livro. Isto talvez tenha sido o que menos gostei no livro, porque sendo uma aluna tão inteligente, de uma universidade tão importante, seria de esperar que Connie relacionasse alguns factos muito antes da altura em que isso aconteceu. Julgo também que poderia ter havido um melhor desenvolvimento das personagens, de modo a torná-las mais próximas do leitor. Ficou sempre a sensação de terem sido abordadas um pouco superficialmente.
Achei a parte do livro decorrida no passado mais longínquo a mais interessante. Traz à tona factos históricos que desconhecia, onde é notória a pesquisa que a autora levou a cabo (para quem não sabe, Katherine Howe é descendente de duas das supostas bruxas envolvidas nestes julgamentos) e as personagens acabam por se tornar mais cativantes, suscitando mais preocupações no leitor quanto ao seu destino.
No cômputo geral, é um livro interessante e que se lê com vontade. Apesar de algumas falhas, foi um livro que me manteve entretida e interessada.
Classificação: 7/10 – Bom