[Opinião] O Livro de Feitiços de Deliverance Dane, de Katherine Howe

Autor: Katherine Howe
Título Original: The Physick Book of Deliverance Dane (2009)
Editora: Planeta
Páginas: 408
ISBN: 9789896570781
Tradutor:
António Carlos Carvalho
Origem: Recebido para crítica

Sinopse: Connie Goodwin, uma brilhante aluna de História na Universidade de Harvard vê-se obrigada a passar o Verão a pesquisar para a sua tese de doutoramento. Mas quando a mãe lhe pede para tratar da venda da casa abandonada da avó, perto de Salem, não tem como recusar. À medida que é arrastada de forma cada vez mais profunda para os mistérios da casa da família, Connie descobre uma chave antiga dentro de uma Bíblia do século XVII. A chave contém um fragmento de pergaminho amarelecido com um nome escrito: Deliverance Dane. Esta descoberta lança Connie numa demanda: descobrir quem foi essa mulher e conseguir desenterrar um raro artefacto de poder singular: um Livro de Feitiços, cujas páginas encerram um repositório secreto de sabedoria perdida. Quando as peças da pungente história de Deliverance começam a encaixar-se, Connie é assombrada por visões dos distantes julgamentos de bruxas e começa a temer que esteja mais ligada ao passado obscuro de Salem do que alguma vez pudera imaginar. Escrito com espantosa convicção, O Livro de Feitiços de Deliverance Dane viaja continuamente entre os julgamentos de bruxas nos anos de 1690 e a história de mistério, intriga e revelação de uma mulher moderna.

Opinião: No início da última década do séc. XX, a jovem Connie Goodwin faz um exame oral de admissão para poder elaborar a sua tese de doutoramento. Depois de passar com distinção e de se estar a preparar para aproveitar as férias e libertar-se do stress acumulado, Connie recebe um telefonema da mãe a pedir-lhe que vá à casa da sua falecida avó e a torne apresentável para a mesma poder ser vendida. Mas a velha casa está em muito piores condições do que Connie poderia imaginar e a tarefa que tem pela frente parece-lhe complicada.

Na primeira incursão pela biblioteca da casa, Connie pega numa Bíblia ao acaso e lá dentro encontra uma chave enrolada num velho papel com o nome Deliverance Dane. Intrigada com o nome, Connie decide começar a pesquisar em registos e bibliotecas antigas para descobrir quem foi esta mulher. Rapidamente, Connie descobre que Deliverance esteve ligada aos julgamentos por feitiçaria em Salem, no final do séc. XVII, e que tinha na sua posse um aparentemente valioso Livro de Feitiços, cuja descoberta passa a ser o motor principal que move os passos da personagem principal.

Os capítulos dedicados à demanda de Connie são intercalados com momentos da vida de Deliverance Dane e com os acontecimentos que a envolveram nos julgamentos de Salem. Esta linha temporal não é linear, levando o leitor acompanhar ora Deliverance, ora as suas descendentes, de acordo com a evolução das descobertas de Connie, sendo os últimos capítulos desta parte do livro dedicados aos julgamentos por feitiçaria que decorreram em 1692.

Connie é acompanhada principalmente por 3 personagens nesta sua pesquisa: Sam, um simpático conservador de campanários de igrejas, que cedo percebemos que se irá tornar no seu interesse romântico; pelo orientador de Connie, que vê no Livro de Feitiços uma boa oportunidade para a tese da sua aluna, deixando sempre a sensação que tem segundas intenções; e pela sua mãe, Grace, sempre de longe, uma personagem que parece meio aérea, mas que vai sempre dando dicas que levam o leitor a pensar que sabe mais do que parece. A relação de Connie com estas três personagens ilustra bem a quase ausência de imprevisibilidade que encontramos neste livro. Isto talvez tenha sido o que menos gostei no livro, porque sendo uma aluna tão inteligente, de uma universidade tão importante, seria de esperar que Connie relacionasse alguns factos muito antes da altura em que isso aconteceu. Julgo também que poderia ter havido um melhor desenvolvimento das personagens, de modo a torná-las mais próximas do leitor. Ficou sempre a sensação de terem sido abordadas um pouco superficialmente.

Achei a parte do livro decorrida no passado mais longínquo a mais interessante. Traz à tona factos históricos que desconhecia, onde é notória a pesquisa que a autora levou a cabo (para quem não sabe, Katherine Howe é descendente de duas das supostas bruxas envolvidas nestes julgamentos) e as personagens acabam por se tornar mais cativantes, suscitando mais preocupações no leitor quanto ao seu destino.

No cômputo geral, é um livro interessante e que se lê com vontade. Apesar de algumas falhas, foi um livro que me manteve entretida e interessada.

Classificação: 7/10 – Bom

Livro n.º 54 de 2010

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.