Agradecemos imenso às 25 pessoas que aceitaram o nosso desafio e partilharam connosco recordações da sua infância. Apesar de poucas participações, a escolha não foi fácil, mas ainda assim gostámos particularmente do texto da Joana Mata e Silva. Aqui fica a sua participação, parabéns!
A minha melhor recordação de infância passa-se em pleno Alto Alentejo, interior, quente, acolhedor. No quintal dos meus avós. Em pequena, aquele quintal (que agora percorro em pouco mais de trinta passadas), parecia-me uma floresta enorme, misteriosa e sempre cheia de surpresas, atrás de cada árvore, por baixo de cada pétala de flor, em cada fruto… À esquerda, encontravam-se as laranjeiras, debaixo das quais estendíamos mantas onde nos sentávamos a ler histórias e a brincar à sombra. À direita, carreiros de dálias, rosas, camélias, brincos de princesa e cravos, onde se podiam encontrar todas as cores do mundo e também os insectos mais esquisitos. Havia animais. Coelhos, patos, gansos, galinhas e os seus pintainhos, que queríamos sempre adoptar.. Havia a tartaruga gigante que ao pôr do sol aparecia ao pé da escada a pedir bocadinhos de pão. Havia sempre o som dos passarinhos que faziam ecoar as suas melodias por todo o quintal. E havia o nosso cachorro que saltava à caça de borboletas que por ali passeavam. E mais lá ao fundo, o meu baloiço, feito pelo meu avô pendurado num ramo forte da maior laranjeira.
Quanto ao livro, é uma pequena delícia! Folheia-se num instante e, na sua simplicidade, consegue transmitir na perfeição a mensagem que brincar é tão fácil… basta haver imaginação! Hoje em dia, uma boa parte das crianças parece só conseguir entreter-se com a televisão ou objectos caros que não puxam pela sua criatividade. A culpa não é delas, mas dos adultos que, no meio de tantos afazeres, acabam por ter menos tempo para lhes dedicar e não ajudam a desenvolver a sua faceta criativa. A leitura é, infelizmente, outro aspecto a que não é dada a atenção que merece… por isso, porque não uma pequena viagem pela imaginação com este livro? 😉 – Célia M.