Autor: George MacDonald Fraser
Título Original: Flashman (1969)
Série: Flashman #1
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 256
ISBN: 9789896371340
Tradutor: Susana Serrão
Origem: Recebido para crítica
Opinião: Flashman – A Odisseia de um Cobarde foi originalmente publicado em 1969 e deu início a uma série de sucesso, com um total de 12 livros, da autoria do escritor inglês George MacDonald Fraser. A personagem que dá título a este livro, e que percorre toda a série, é Henry Flashman, que apareceu no livro Tom Brown’s Schooldays (1857), de Thomas Hughes, no qual Flashman era o bully da personagem principal. Em Flashman – A Odisseia de um Cobarde, o autor utiliza a técnica literária dos falsos documentos, que supostamente encontrou numa arca de chá, para contar a história desta peculiar personagem, e podemos assim ler os seus relatos contados na primeira pessoa, com início na altura em que foi expulso do colégio onde andava por embriaguez, em 1839. Após esta peripécia, Flashman revela ao seu pai a vontade de ingressar no exército, sendo esse o ponto de partida para as suas viagens pela Índia e Afeganistão, na época da Primeira Guerra Anglo-Afegã.
A característica que mais marca este livro é, penso eu, o tom humorístico com que é narrado. Henry Flashman é cobarde, interesseiro, mentiroso, mulherengo e cínico e, ao longo da história, tem momentos que, sinceramente, me fizeram detestá-lo. No entanto, estranhamente, dei por mim a torcer para que ele se conseguisse safar das embrulhadas em que se via (inadvertidamente) envolvido. Julgo que a honestidade e a lata com que a própria personagem nos relata os seus pensamentos desarmam o leitor, que acaba por “perdoar” atitudes menos correctas deste anti-herói. A secção inicial do livro, durante a qual tomamos contacto com Flashman e vemos de que é feito é a parte mais humorística do livro, perdendo-se um pouco essa toada a partir do momento em que Flashman viaja para fora de Inglaterra, passando a personagem por uma quase imparável série de situações com muita acção e dinâmica. Confesso que senti essa perda, e fiquei contente com o final que recupera o tom humorístico inicial.
É também um livro rico ao nível dos detalhes históricos da Primeira Guerra Anglo-Afegã, que decorreu entre 1839 e 1842, conflito sobre o qual sabia muito pouco, e que teve origem na luta pelo poder na zona da Ásia Central, entre a Inglaterra e a Rússia.
Duas notas finais em relação à edição portuguesa: pela positiva, destaco a excelente tradução, na qual são incluídas várias expressões idiomáticas portuguesas (“dar às de vilas-diogo” ou “armar ao pingarelho”, por exemplo) que mantêm o espírito da obra original adaptando-a à nossa língua; não tão positiva é a confusão inicial que senti por não haver uma distinção clara entre as notas da tradutora e as notas do autor, sendo que só mais tarde percebi que estas últimas estavam no final do livro.
Gostei e fico curiosa por ler o resto da série!
Classificação: 7/10 – Bom