Autor: Mary Ann Shaffer e Annie Barrows
Título Original: The Guernsey Literary and Potato Peel Pie Society (2007)
Editora: Suma de Letras
Páginas: 377
ISBN: 9789896720155
Tradutor: Ana Mendes Lopes
Origem: Comprado
Depois do sucesso estrondoso do seu primeiro livro, a jovem escritora Juliet Ashton procura duas coisas: um assunto para o seu novo livro, e, embora não o admita abertamente, um homem com quem partilhar a vida e o amor pelos livros.
É com surpresa que um dia Juliet recebe uma carta de um senhor chamado Dawsey Adams, residente na ilha britânica de Guernsey, a comunicar que tem um livro que outrora pertenceu a Juliet.
Curiosa por natureza, Juliet Ashton começa a corresponder-se com vários habitantes da ilha.
É assim que descobre que Guernsey foi ocupada pelas tropas alemãs durante a Segunda Guerra Mundial, e que as pessoas com quem agora se corresponde formavam um clube secreto a que davam o nome de Sociedade Literária da Tarte de Casca de Batata.
Fascinada pela história da dita Sociedade Literária, e ainda mais pelos seus novos amigos, Juliet parte para Guernsey. O que encontra na ilha mudará a sua vida para sempre…
Opinião: Já tinha lido várias opiniões (bastante positivas) sobre este livro em blogues internacionais, mas desconhecia que tivesse sido publicado no nosso país, até ter visto a referência no blogue do Draco. A edição portuguesa é da Suma de Letras (chancela da Objectiva), de Março deste ano, e quando visitei a Feira do Livro de Lisboa no sábado passado, não foi preciso muito para me convencer a adquiri-lo. Comecei a dar uma vista de olhos nas primeiras páginas e fiquei interessada quase de imediato, pelo que foi inevitável prosseguir com a leitura. O livro foi originalmente escrito por Mary Ann Shaffer, mas devido a uma doença, que infelizmente levou à sua morte no início de 2008, coube à sua sobrinha Annie Barrows fazer os ajustes necessários e dar a este livro a sua forma final.
Trata-se um romance epistolar (contado sob a forma de cartas), decorrido no pós-2.ª Guerra Mundial, em que a personagem central é Juliet Ashton, uma jornalista/escritora inglesa que alcançou o sucesso com as suas crónicas periódicas num jornal na época da guerra, tendo as mesmas sido publicadas posteriormente em forma de livro. Juliet encontra-se num impasse no que diz respeito a ideias para um novo livro, quando recebe uma carta de Dawsey Adams, habitante da ilha de Guernsey, que tem um livro que lhe tinha pertencido, pedindo a Juliet informações sobre o autor do mesmo e outra bibliografia existente, uma vez que Guernsey ainda continua com alguma escassez de bens (neste caso, livros) devido à ocupação alemã durante a 2.ª Guerra Mundial. Esta carta é o início da troca de correspondência entre Juliet e os habitantes desta ilha, que inclui o desenrolar dos acontecimentos que deram origem à criação da Sociedade Literária da Tarte de Casca de Batata e à origem do seu nome peculiar.
Uma das coisas que gostei bastante neste livro foi do contexto histórico. Confesso que desconhecia a existência da ilha de Guernsey (uma das Ilhas do Canal) que, apesar de estarem mais perto de França, são dependências da Coroa Inglesa, mas que não fazem parte do Reino Unido, nem da União Europeia, tendo um estatuto semelhante à Ilha de Man. Ao longo do livro, temos oportunidade de “conhecer” em mais pormenor as características da ilha e dos seus habitantes, bem como as marcas deixadas pela ocupação alemã e as privações que dela decorreram.
É um livro que se lê de um fôlego e que a partir do momento em que se começa, dificilmente se consegue pôr de lado. O seu carácter epistolar torna a leitura muito rápida e os necessários artifícios utilizados para nos dar a conhecer personagens e locais estão muito bem conseguidos. Acho que a maior virtude deste livro é a genuinidade das suas personagens. Parecem-nos reais, pessoas que realmente existem e que gostaríamos de conhecer. E depois, pelo facto de um dos temas centrais desta história ser a paixão pelos livros e a forma como estes nos podem ajudar nos momentos mais difíceis, é quase impossível o leitor não se identificar com o que está a ler.
Apesar de não estarmos perante uma escrita excepcional, é despretensiosa e muito agradável de ler, e dá corpo a uma história que, não raras vezes, me tocou bastante. Recomendo!
Classificação: 8/10 – Muito Bom