Autor: J.M. Coetzee
Título Original: Slow Man (2005)
Editora: Dom Quixote
Páginas: 296
ISBN:9789722031851
Tradutor: J. Teixeira de Aguilar
Origem: Comprado
Como todas as grandes obras literárias, O Homem Lento levanta questões mas raramente oferece respostas. Em consequência de um acidente, Paul Rayment altera a perspectiva que tem da vida e começa a dedicar-se ao género de preocupações universais que nos definem a todos: O que significa fazer o bem? O que é que nas nossas vidas é, em última análise, significativo? É mais importante que alguém nos ame ou que alguém se interesse por nós? Como definimos o local a que chamamos «casa»?
Na sua voz lúcida e firme, Coetzee debate-se com estas problemáticas.
O resultado é uma história profundamente comovedora, sobre o amor e a mortalidade, que deslumbra o leitor em cada página.
Opinião: Existem autores dos quais as expectativas são de tal forma enormes, que até parece termos receio de ler alguma coisa das suas obras, com medo de ficarmos desiludidos com o que vamos encontrar.
J.M. Coetzee era um dos autores dos quais mais expectativa tinha; além de ser um prémio Nobel, já tinha lido alguns artigos seus que me espicaçaram a curiosidade para conhecer melhor a sua obra literária. O Homem Lento foi a minha primeira incursão no seu mundo, e, felizmente, as expectativas que tinha criado não foram goradas, muito antes pelo contrário, tenho a certeza que Coetzee será um autor para eu revisitar muitas e muitas vezes.
A estória gira à volta de Paul Rayment, fotógrafo de profissão, que tem um grave acidente de bicicleta (descrito de uma forma belíssima e com uma leveza extraordinária que conquista logo o leitor), tendo como consequência imediata ter que cortar uma perna. Acompanhamos a sua tentativa de rejuvenescimento, o que só acontece, em parte, quando ele se apaixona pela sua empregada doméstica, uma imigrante que, embora casada e com uma vida estável, consegue exercer uma grande fascínio na sua vida, ao ponto de ser o maior motivo para ele reaprender o gosto por viver.
No entanto, entre os dois, aparece Elisabeth Costello, uma escritora famosa, que mais não é do que o “alter-ego” do escritor. Ela quer, tal como Paul, um motivo para a sua vida, e vê nele como uma força maior para que tudo ao seu redor faça mais sentido.
É um livro de solidão, mas de uma solidão com esperança, embora a estória tenha nalgumas páginas tons muito negros, acabando por desembarcar num final recheado de luminosidade.
Sempre escrito de uma forma encantatória, Coetzee mostra o porquê de ter sido premiado com o Prémio Nobel, e cativando com a sua escrita muito objectiva, agarra a atenção do leitor logo na primeira página, para não mais a largar até ao fim. Um livro a não perder para quem gosta de boa literatura. – Ricardo
Classificação: 9/10 – Excelente