Autor: Colleen McCullough
Título Original: Tim (1974)
Editora: Biblioteca Sábado
Páginas: 200
Tradutor: Maria do Carmo Cary
Origem: Comprado
Opinião: Tim foi o romance de estreia da grande escritora australiana Colleen McCullough. Dela já tive oportunidade de ler Pássaros Feridos, que adorei, e também O Toque de Midas, e em ambos ela demonstra a sua grande habilidade para a escrita. A série O Primeiro Homem de Roma continua a aguardar-me, bem como A Canção de Tróia, mas por enquanto decidi ler Tim, aproveitando ter saído na colecção da revista Sábado.
Tim é um jovem absolutamente lindo, provavelmente um dos homens mais bonitos a ter pisado a face da Terra, mas quis o destino que tivesse uma deficiência mental, que apenas o permite desempenhar tarefas fáceis, repetitivas, e dificulta o seu relacionamento com os outros, sendo muitas vezes alvo de chacotas que não consegue perceber. Mary é uma mulher solitária, quase na meia-idade, muito inteligente e racional, que sempre preferiu não se envolver emocionalmente com ninguém. É do encontro entre estas duas pessoas que o livro fala.
Enquanto estava a ler este livro, dei por mim várias vezes a pensar no surreal que é a imagem de um homem tão bonito ser atrasado mental, pelo facto de ser algo pouco visto, mas a verdade é que a autora consegue que o leitor o encare como uma realidade, sendo a sua inocência e vulnerabilidade de tal forma “visíveis” que temos vontade de saltar para dentro da história para o proteger. Nunca pomos em causa a autenticidade da personagem, tal como também nunca pomos em causa a autenticidade da história que se vai desenrolando entre Tim e Mary, que começa por ser uma amizade e acaba por se tornar em algo mais. Vamos acompanhando a forma como um todo pode ser maior que a soma das partes, uma vez que, juntos, Tim e Mary acabam por completar-se de forma a que cada um deles acaba por se tornar melhor do que se estivessem separados. Não é esse um dos requisitos para que uma relação dê certo?
É, na sua essência, um livro que pretende, para além de contar a sua história, chamar a atenção para a aceitação das diferenças, a qualidade do que nos torna únicos. É um livro que se lê bastante depressa, não só por ser curto, mas porque cativa o leitor pela sua história peculiar e pela forma como a autora nos faz identificar com as personagens, porque mesmo quando estas revelam características ou comportamentos diferentes daqueles que teríamos, conseguimos compreendê-los na perfeição. Nota-se, aqui e ali, que é um livro de estreia, pela falta de maturidade no desenrolar ou desenlace de algumas situações, mas nada que comprometa a sensação geral com que se fica após terminar esta leitura. Gostei muito e recomendo.
Classificação: 8/10 – Muito Bom