Autor: Jacqueline Carey
Título Original: Kushiel’s Dart (2001)
Série: Kushiel #1.1
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 400
ISBN: 9789896371852
Tradutor: Teresa Martins de Carvalho
Origem: Recebido para crítica
Opinião: Acredito que, por esta altura, a maioria de vocês já esteja “farto” de saber que adoro esta autora e, em concreto, a série Kushiel, que se inicia com este “O Dardo de Kushiel” (corresponde à primeira metade do livro original). Já li os três primeiros livros em inglês e foi com enorme prazer que soube que a Saída de Emergência iria publicar estes livros por cá, o que serviu de pretexto a uma entrevista que a autora, de forma muito simpática, nos concedeu.
Na altura que li o primeiro livro desta série, deixei a minha opinião aqui, pelo que não vou resumir a história, mas apenas deixar as impressões que esta releitura me deixou. A verdade é que, nos últimos tempos, rara tem sido a ocasião em que me proponho reler livros que adorei, tanto por ter outras prioridades, como por receio que, com o tempo e o evoluir natural que qualquer leitor tem, a magia se perca. No entanto, curiosamente, parti para este releitura com um espírito diferente: o de reencontrar um mundo e as personagens que tanto gostei de conhecer, quando li os livros no original… quase como reencontrar velhos amigos.
Esta primeira metade do primeiro livro da série serve basicamente para nos dar a conhecer esta Europa Renascentista reinventada, cujo centro da acção decorre em Terre d’Ange (que corresponde à França real), o modo como funciona, os seus mitos e costumes. Acompanhamos o crescimento de Phèdre, a personagem principal, e o seu iniciar na dedicação aos dois deuses que parecem reger o seu destino: Naamah, a deusa do amor, e Kushiel, o deus da dor. Tem bastante intriga política, inúmeras personagens cujos nomes precisamos de seguir (valiosíssima, portanto, a listagem inicial de personagens), e uma protagonista que conta a sua história na primeira pessoa de uma forma quase hipnotizante.
Já tive oportunidade de referir noutras ocasiões e volto a repetir: adoro a escrita desta autora, a forma como ela vai tecendo a sua história, e como já sabia da sua tendência de deixar ao longo do texto pistas para o que o futuro reserva (porque é como se Phèdre estivesse a contar a sua história vários anos após ter decorrido), foi curioso lê-las e associá-las a coisas que já sei que vão acontecer – e isso não estraga a leitura, pelo contrário, torna-a ainda mais interessante. Curioso é, também, o surgir na história das minhas personagens preferidas, perceber como elas começaram e a forma como evoluíram.
Uma nota final para a tradução: tinha manifestado antes, numa das minhas opiniões, a curiosidade por perceber como iria o tradutor lidar com o estilo tão peculiar da Jacqueline Carey. Apesar de achar que, de um modo geral, foi um bom trabalho, não posso deixar expressar a sensação que tive de que se perdeu algo, talvez alguma da musicalidade… é difícil de explicar, até porque não sou nenhuma expert em tradução, mas a verdade é que me parece que esta autora é bastante difícil de traduzir, e por isso não sei se seria possível o resultado final ser melhor. De qualquer modo, é apenas um pormenor que não deve servir de impedimento a que possam começar aqui a acompanhar esta série fantástica.
Classificação: 9/10 -Excelente