[Opinião] O Dardo de Kushiel, de Jacqueline Carey

Autor: Jacqueline Carey
Título Original: Kushiel’s Dart (2001)
Série: Kushiel #1.1
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 400
ISBN: 9789896371852
Tradutor: Teresa Martins de Carvalho
Origem: Recebido para crítica

 

Sinopse: Terre d’Ange é um lugar de beleza sem igual. Diz-se que os anjos deram com a terra e a acharam boa… e que a raça resultante do amor entre anjos e humanos se rege por uma simples regra: ama à tua vontade. Phèdre é uma jovem nascida com uma marca escarlate no olho esquerdo. Vendida para a servidão em criança, é comprada por Delaunay, um fidalgo com uma missão muito especial… Foi, também ele, o primeiro a reconhece-la como a eleita de Kushiel, para toda a vida experimentar a dor e o prazer como uma coisa só. Phèdre é adestrada nas artes palacianas e de alcova, mas, acima de tudo, na habilidade de observar, recordar e analisar. Espia talentosa e cortesã irresistível, Phèdre tropeça numa trama que ameaça os próprios alicerces da sua pátria. A traição põe-na no caminho; o amor e a honra instigam-na a ir mais longe. Mas a crueldade do destino vai levá-la ao limite do desespero… e para além dele. Amiga odiosa, inimiga amorosa, assassina bem-amada; todas elas podem usar a mesma máscara reluzente neste mundo, e Phèdre apenas terá uma oportunidade de salvar tudo o que lhe é mais querido.

Opinião: Acredito que, por esta altura, a maioria de vocês já esteja “farto” de saber que adoro esta autora e, em concreto, a série Kushiel, que se inicia com este “O Dardo de Kushiel” (corresponde à primeira metade do livro original). Já li os três primeiros livros em inglês e foi com enorme prazer que soube que a Saída de Emergência iria publicar estes livros por cá, o que serviu de pretexto a uma entrevista que a autora, de forma muito simpática, nos concedeu.

Na altura que li o primeiro livro desta série, deixei a minha opinião aqui, pelo que não vou resumir a história, mas apenas deixar as impressões que esta releitura me deixou. A verdade é que, nos últimos tempos, rara tem sido a ocasião em que me proponho reler livros que adorei, tanto por ter outras prioridades, como por receio que, com o tempo e o evoluir natural que qualquer leitor tem, a magia se perca. No entanto, curiosamente, parti para este releitura com um espírito diferente: o de reencontrar um mundo e as personagens que tanto gostei de conhecer, quando li os livros no original… quase como reencontrar velhos amigos.

Esta primeira metade do primeiro livro da série serve basicamente para nos dar a conhecer esta Europa Renascentista reinventada, cujo centro da acção decorre em Terre d’Ange (que corresponde à França real), o modo como funciona, os seus mitos e costumes. Acompanhamos o crescimento de Phèdre, a personagem principal, e o seu iniciar na dedicação aos dois deuses que parecem reger o seu destino: Naamah, a deusa do amor, e Kushiel, o deus da dor. Tem bastante intriga política, inúmeras personagens cujos nomes precisamos de seguir (valiosíssima, portanto, a listagem inicial de personagens), e uma protagonista que conta a sua história na primeira pessoa de uma forma quase hipnotizante.

Já tive oportunidade de referir noutras ocasiões e volto a repetir: adoro a escrita desta autora, a forma como ela vai tecendo a sua história, e como já sabia da sua tendência de deixar ao longo do texto pistas para o que o futuro reserva (porque é como se Phèdre estivesse a contar a sua história vários anos após ter decorrido), foi curioso lê-las e associá-las a coisas que já sei que vão acontecer – e isso não estraga a leitura, pelo contrário, torna-a ainda mais interessante. Curioso é, também, o surgir na história das minhas personagens preferidas, perceber como elas começaram e a forma como evoluíram.

Uma nota final para a tradução: tinha manifestado antes, numa das minhas opiniões, a curiosidade por perceber como iria o tradutor lidar com o estilo tão peculiar da Jacqueline Carey. Apesar de achar que, de um modo geral, foi um bom trabalho, não posso deixar expressar a sensação que tive de que se perdeu algo, talvez alguma da musicalidade… é difícil de explicar, até porque não sou nenhuma expert em tradução, mas a verdade é que me parece que esta autora é bastante difícil de traduzir, e por isso não sei se seria possível o resultado final ser melhor. De qualquer modo, é apenas um pormenor que não deve servir de impedimento a que possam começar aqui a acompanhar esta série fantástica. 

Classificação: 9/10 -Excelente

Livro n.º 24 de 2010

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.