Autor: C.S. Richardson
Título Original: The End of the Alphabet (2007)
Editora: Editorial Presença
Páginas: 96
ISBN: 9789722342735
Tradutor: Maria do Carmo Figueira
Origem: Recebido para crítica
Opinião: Existem livros que, não se dando nada por eles, se revelam autênticas surpresas. O Fim do Alfabeto, de CS Richardson, é um deles. Não pela história em si, mas pela forma como nos retrata a vida, nos faz pensar na mesma, nas emoções inerentes e em tudo e todos os que nos rodeiam.
Numa visita ao médico (coisa que todos adoramos…), Ambrose é confrontado com a (dolorosa) notícia de estar doente. O seu mundo perfeito, enquanto empregado e marido, desaba por completo e, na ânsia de aproveitar cada momento, que pode ser o último, o protagonista decide soltar-se de todas as amarras. De improviso, surpreende a mulher com uma viagem por vários dos locais que, por uma razão ou outra, marcaram as suas vidas.
É esta jornada contra o tempo que o leitor testemunha, enquanto o autor, saltitando entre o passado e o presente, nos revela as personagens. Essencialmente, a acção centra-se no casal Ambrose e Zappora e são os acontecimentos da sua vida a dois que dão azo a um lado mais emotivo da estória. Enquanto lê, o leitor é confrontado com as incertezas da vida e, embora não queira, é levado a pensar no que faria se estivesse diante de uma perda semelhante.
O Fim do Alfabeto não é uma obra-prima, mas não deixa de ser uma espécie de conto, cuja linguagem coloquial o torna atractivo. Acima de tudo, o livro cumpre a sua função de nos fazer pensar para além do que lemos e, claro, toca-nos pelo acontecimento marcante que é a morte. Não se julgue, no entanto, que o livro é simples, porque, na verdade, o autor exige, durante toda a leitura, concentração máxima. Tal deve-se, sobretudo, à forma pouco habitual de como apresenta a interacção entre os personagens – diálogos surgem no meio da narrativa, sem indicação de interlocutor. Vale a pena experimentar, sem dúvida. – Cristina
Classificação: 8/10 – Muito Bom