Autor: Júlio Conrado
Editor: Editorial Presença
Páginas: 240
ISBN: 9789722342926
Origem: Recebido para crítica
Opinião: Nos 50 anos da Editorial Presença, nada como alargar o meu leque de conhecimentos na área dos autores. Já tinha ouvido falar de Júlio Conrado, mas nada me motivava a lê-lo… até que surgiu Barbershop. Ler esta obra permitiu-me perceber como a literatura nacional é verdadeiramente rica e, simultaneamente, reviver alguns traços queirosianos, o meu autor preferido.
A acção central da obra passa-se na vila de Cascale (Cascais), intervalando entre locais sumptuosos/chiques e mais bairristas/tradicionais. O elo transversal à obra é, claro está, a barbearia que lhe dá nome. É através da história desta e dos momentos lá passados que vamos conhecendo as personagens e percebendo os caminhos trilhados por cada uma delas. Neste mini-universo, desenham-se, a cada página, tricas e intrigas que dão cor ao livro e mantém o leitor interessado.
Barbershop congrega um pouco de tudo: romance, comédia, policial, mas sempre de forma tão fiável que a ficção podia tornar-se realidade. Acresce a tudo isto, um leque de personagens bastante trabalhadas, com problemas tão nossos conhecidos, que é impossível não se criar uma ligação com o leitor. Por outro lado, a escrita do autor, onde, por vezes, a voz do narrador se mistura com a voz das personagens, confere vivacidade à obra, como se as personagens partilhassem o seu íntimo somente com quem lê.
Esta obra revela-se um verdadeiro retrato social, a que está associada, como quase sempre, a crítica. Daí que, ao lermo-la, relembremos Eça de Queiroz e a sua sagacidade, apontando o dedo ao que estava errado. Neste livro, o autor opta por um estilo mais brincalhão, mas nem por isso deixa de dizer algumas verdades. E, nos tempos que correm, algumas bem precisam de ser ditas… O único senão da obra são alguns capítulos/parágrafos demasiado extensos e que nem sempre se revelam uma mais-valia para o desenrolar da acção. – Cristina
Classificação: 8/10 – Muito Bom