[Opinião] A Terceira Condição, de Amos Oz

Autor: Amos Oz
Título Original: Ha – Matsav Ha – Shelishi (1991)
Editora: Edições ASA
Páginas: 311
ISBN: 9789892300016
Tradutor: Francisco de Assis Basto da Costa Reis
Origem: Comprado

Sinopse: Fima é um sonhador totalmente incapaz de agir sobre a sua própria vida. Este homem de meia-idade sofre por sentir que decepcionou o seu pai ao acomodar-se a um emprego como recepcionista de uma clínica ginecológica, e a sua ex-mulher, a quem permitiu abandonar o casamento sem opor qualquer resistência. Fima também se decepciona a si próprio diariamente. Fascinado pela carismática Annette, nada faz para se aproximar dela e mantém uma amizade estéril com Nina, para quem cada acto sexual dá azo a uma obsessiva espiral de limpeza pessoal e doméstica. Ele não consegue sequer matar uma barata sem que se sinta sufocar em reflexões sobre o povo judeu. Fima acabará, contudo, por ter o seu momento de redenção durante um passeio pelas ruas de Jerusalém, quando se pacifica por fim com o seu estatuto de judeu errante.

Opinião: Amos Oz era um autor desconhecido para mim até, um certo dia, ler uma sua crónica belíssima sobre Israel e o seu eterno conflito com a Palestina. Com aquele artigo, nasceu-me uma enorme curiosidade em conhecer os seus livros, por isso foi com enormes expectativas que me lancei na leitura de “A Terceira Condição”. Posso dizer que elas não foram goradas, muito antes pelo contrário. Logo nas primeiras páginas, ficamos encantados com as suas belas palavras e frases inspiradoras, nascendo um desejo de não querer largar o livro tão cedo. Talvez tenha sido o verdadeiro motivo para eu me demorar tanto na leitura desta obra.

O livro “A Terceira Condição” é um entusiasmante retrato da vida de Fima, um poeta de meia-idade, acabado de sair de uma separação, que procura sempre algo para preencher a sua vida monótona, além dos seus sonhos que toma nota no seu caderno de apontamentos e das suas opiniões sobre tudo. Para isso vai entrando na vida dos outros como se fosse a sua, como forma de combater a sua solidão.

É um também um livro com uma forte vertente política. O conflito Israel-Palestina está bem dissecado neste romance, somos confrontados com algumas opiniões políticas, sendo um guia muito útil para quem quer compreender melhor esse velho e inacabável conflito.

Tal como os livros de Salman Rusdhie (um dos meus escritores favoritos), ou de Pamuk, ou de García Márquez, entre outros escritores, Amos Oz, por esta amostra, parece-me mais um escritor que, com as suas obras, deseja mostrar ao mundo a sua cultura, ganhando e muito a minha admiração por isso, além de crescer o desejo de visitar a sua terra.

Na falta de conhecimento de perto dos seus países de origem, nada melhor do que ler as suas obras, porque, sem visitar fisicamente, não existe melhor maneira de viajar por esse mundo fora, e pelas diferentes culturas, do que nos livros. Aconselhável para quem gosta de bons livros, imprescindível para quem aprecia, ou quem quer conhecer melhor, a cultura israelita. – Ricardo

Classificação: 9/10 – Excelente

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.