Autor: Inês Botelho
Editora: Porto Editora
Páginas: 208
ISBN: 9789720040855
Origem: Recebido para crítica
Elisa tem medo da lua e das janelas sem cortinas. Pensa de mais e quer entender o mundo nas suas múltiplas facetas. Alexandre, pelo contrário, avança sem grandes reflexões, preocupado em aproveitar cada momento do presente antes que as responsabilidades o amarrem.
Romance de iniciação à idade adulta, O Passado Que Seremos dá-nos o(s) retrato(s) de uma geração e dos caminhos onde procura encontrar a “sua” verdade.
Opinião: Ora aqui está a primeira boa surpresa deste ano. Nunca tinha lido nada da Inês Botelho, apesar de ter havido uma altura em que ponderei comprar a trilogia fantástica com que se estreou nas lides da escrita, O Ceptro de Aerzis, mas por uma ou outra razão acabei por não ler. Entretanto, a Inês escreveu o livro Prelúdio, num género completamente diferente (que também não li), a que se seguiu este O Passado que Seremos, disponível desde ontem nas livrarias.
O Passado que Seremos é um livro sobre dois jovens, Alexandre e Elisa, que se conhecem num fim-de-semana que ambos vão passar, ele com a mãe, ela com o pai, ao Caramulo, onde se realiza uma conferência de Medicina. A partir daí, ambos mantém o contacto e iniciam uma relação. Mas são duas pessoas muito diferentes: Elisa continua atormentada pela morte da mãe, um acontecimento que a marcou bastante em criança, e vive no seu próprio mundo, adaptando-se ao que está ao seu redor, mas continuando a sentir-se uma desadaptada. Alexandre, por seu lado, é um jovem normal, integrado no seu grupo de amigos, mas os sentimentos por Elisa fazem-no começar a questionar certas atitudes e valores predominantes no seu grupo de amigos e nele próprio.
Gostei muito deste livro. Não estamos aqui a falar de uma história de amor lamechas, como aliás a autora faz questão de frisar no seu site: Estava pouco interessada num livro amoroso ou delico-doce; queria-os a eles. E se o enredo se alicerça sobre a sua relação, o romance desenvolve-se sobre eles. É o que vos ofereço: a experiência de serem Elisa e Alexandre. E foi isso mesmo que me aconteceu: entrei perfeitamente na cabeça das duas personagens principais, que vamos conhecendo em capítulos intercalados, e revi-me com alguns aspectos da personalidade de Elisa, o que facilitou bastante o laço que criei com a personagem.
O enredo, a história em si, não é propriamente muito original. Nem o pretendia ser, acho. O que importa aqui é a forma como é contada, a forma como se insinua na mente do leitor. O que mais me surpreendeu neste livro, pela positiva, foi a escrita de Inês Botelho, uma teia de palavras que vão enredando o leitor até à conclusão da história. Faz-me ter esperança nos novos valores da literatura portuguesa. Recomendo!
Classificação: 8/10 – Muito Bom