[Opinião] Derrocada, de Ricardo Menéndez Salmón

Autor: Ricardo Menéndez Salmón
Título Original: Derrumbe (2008)
Série: Trilogia do Mal #2
Editora: Porto Editora
Páginas: 176
ISBN: 9789720045119
Tradutor: Helena Pitta
Origem: Recebido para crítica

Sinopse: Uma terrível ameaça recai sobre Promenadia, uma pacata cidade costeira. O Mal irrompe sob a forma de um assassino em série, que seduz vítimas e verdugos, actores e espectadores, transformando-se na sombra da comunidade. Os pilares de uma sociedade de escassos valores são infectados pela chaga do Terror – um prenúncio da derrocada – a que ninguém, nem mesmo Manila, o cismático polícia encarregado da investigação dos vários crimes, fica imune. Quem é vítima e quem é carrasco?  Um homem perverso que não tem nada a perder; duas famílias que crêem ter perdido tudo; três jovens que encontram na violência uma forma de expulsar o tédio. Em Derrocada, a única justiça é o horror, a única vocação é a atracção pelo Mal.

Opinião: Derrocada é o segundo volume da Trilogia do Mal, do espanhol Ricardo Menéndez Salmón, sendo o primeiro A Ofensa, que foi um dos livros que mais gostei de ler em 2009. Apesar de fazer parte da mesma trilogia, a única coisa que este Derrocada tem em comum com o anterior é o tema comum, o Mal, podendo ser lido em separado.

Este livro, dividido em três partes, conta-nos pedaços da história de várias personagens, marcadas pela presença do Mal, numa das suas várias formas. A primeira parte acompanha um assassino em série e os polícias que o perseguem; na segunda parte, um grupo de jovens tenta sobressair através de actos criminosos, sem motivo aparente; na última, famílias disfuncionais tentam encontrar o seu rumo no meio de tantas desgraças. As três partes estão interligadas não só pelas personagens em si, mas também pelos acontecimentos que vão tendo lugar.

Tal como disse, apenas conhecemos pedaços das histórias destas pessoas, vislumbres daquilo que elas são e aspiram a ser. É este o estilo do autor, e concordo que muitas vezes não é preciso saber-se tudo para ficarmos com uma visão geral bem perto do que o autor pretende. Apesar de as histórias estarem, de certo modo, relacionadas, são ainda assim desconexas… e esta falta de enfoque numa única história, mesmo havendo um fio condutor (estrutura certamente propositada da parte do autor), não funcionou muito bem comigo. Senti-me um pouco alienada em relação ao destino das personagens e às suas acções, e tenho a impressão que não consegui apreender a mensagem na sua totalidade. O Mal é inerente ao ser humano, está presente na nossa sociedade sob várias formas, mas a visão menos optimista já demonstrada em A Ofensa é aqui levada a um extremo, e não me conseguiu transmitir o raio de luz que vislumbrei no trabalho anterior.

Ricardo Menéndez Salmón escreve muito, muito bem. Extremamente gráfico ou genialmente subtil, é uma escrita que cativa e enreda o leitor, e que o marca. Tive pena que a história não me tivesse cativado como esperava, mas ainda assim é um livro que penso que pode agradar a muitos leitores. 

Classificação: 7/10 – Bom

Livro n.º 5 de 2010

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.